Rita construiu faixa elevada no mesmo ponto onde foi atropelada 27 anos antes em Nova Odessa (Foto: Coden/Divulgação).

Servidora constrói lombada onde foi atropelada 27 anos antes em Nova Odessa: ‘coisa do destino’

Única mulher na equipe ‘tapa-buracos’ do município, servidora foi atingida no local por carro quando tinha 9 anos; motorista fugiu sem prestar socorro.

NOVA ODESSA/SP Poderia o Dia da Mentira ter feito jus ao nome, mas se tornou uma data que marcou a servidora Rita de Cássia Lupetti para sempre. No dia 1º de abril de 1991, prestes a completar 10 anos, ela foi atropelada em uma rua de Nova Odessa (SP) e enfrentou uma batalha para sobreviver sem sequelas. Mera coincidência ou não, 27 anos após o ocorrido, ela voltou ao local para construir uma lombada no exato ponto onde foi atingida: “coisa do destino”, acredita.

Rita construiu faixa elevada no mesmo ponto onde foi atropelada 27 anos antes em Nova Odessa (Foto: Coden/Divulgação).

Rita construiu faixa elevada no mesmo ponto onde foi atropelada 27 anos antes em Nova Odessa (Foto: Coden/Divulgação).

Rita é a única mulher que faz parte da equipe de recuperação de asfalto e reparos da Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa (Coden). Ela não teve nada a ver com a solicitação da faixa elevada, foi simplesmente escalada naquele dia para fazer o trabalho programado. Aos 36 anos, participar da construção da lombada trouxe de volta o momento que nunca deixou a memória da servidora.

Com apenas 9 anos, ela seguia para a escola na manhã daquele 1º de abril. Ia sempre acompanhada de um rapaz que a levava na instituição, mas naquela manhã ele tinha uma entrevista de emprego e a deixou seguir o último trecho até a escola sozinha.

“Ele me levou até próximo a uma padaria e falou assim: ‘vou te levar até aqui e eu vou na entrevista. Você olha de um lado, de outro, e se você não ver carro, você atravessa’. E aí eu fiz o que ele falou, mas na época fazia muito frio, então estava branco, não dava pra ver [nada]. É a última coisa que eu me lembro.”

Ela foi atingida no cruzamento da Avenida Antônio Rodrigues Azenha com a Rua Dante Gazzetta, na entrada da Vila Azenha. O motorista fugiu sem prestar socorro, portanto a parte do carro foi contada para ela, mas Rita não tem ideia de quem a atingiu.

Com a batida, ela sofreu fraturas e traumatismo craniano, passando por duas cirurgias. Como sequelas do acidente, a ainda menina teve a fala e a coordenação motora afetadas. Teve que passar por fisioterapia e tratamentos em um hospital de Campinas (SP) para conseguir se recuperar. Felizmente, sobreviveu também deixando para trás as sequelas.

A oportunidade de enfrentar o trauma veio em forma de boa ação há algumas semanas. A equipe dela voltou ao local para construir a faixa elevada. O ponto é considerado perigoso até hoje, e após ficar anos marcado com uma faixa vermelha para que os motoristas reduzissem a velocidade, foi determinada a construção da faixa elevada para aumentar a segurança.

“Por coincidência, coisa do destino, nós fomos lá pra fazer essa lombada. E eu nem sabia ‘né’? Foi exatamente no mesmo lugar que eu sofri o acidente.”

Apesar da dor pelas lembranças do passado, Rita se sentiu bem de poder participar da construção da faixa. Ela conta que no trecho passam pessoas que moram há muitos anos no bairro, idosos, e deficientes, portanto ela considera que está contribuindo para aumentar a segurança no local.

“Lembrar nunca é bom ‘né’? Mas é uma coisa boa [a lombada]. E eu agradeço a Deus que eu estou viva. É estranho ‘né’, 27 anos depois eu estar lá pra ajudar a construir uma coisa no local de um acidente que você quase morreu.”

Mãos na massa

Rita começou a trabalhar no Coden em julho de 2016. Ela conta que começou como servente de pedreiro, mas a companhia não tinha um bom caminhão que permitisse que a equipe fosse maior. Geralmente ela substituía os pedreiros que faltavam do serviço no dia.

Com a compra de um novo caminhão, ela passou a fazer parte permanentemente da equipe, que conta ainda com um motorista, um encarregado e quatro ajudantes, responsáveis por remover e repor a massa asfáltica danificada na cidade.

G1

Comments are closed.

error: Solicite a matéria por email!