Agüero caminha para o banco: caminho ao qual não esteve acostumado desde que chegou ao City (Foto: Reuters).

Corra, Jesus, corra! Números ajudam a explicar como brasileiro barrou Agüero

Em menos de um mês, ex-palmeirense convence Guardiola com quilômetros e arrancadas a mais e coloca o terceiro maior artilheiro do City em situação delicada.
Agüero caminha para o banco: caminho ao qual não esteve acostumado desde que chegou ao City (Foto: Reuters).

Agüero caminha para o banco: caminho ao qual não esteve acostumado desde que chegou ao City (Foto: Reuters).

“Jesus fez novamente muitas coisas com e sem a bola. Estamos encantados com o que ele fez”. As palavras são de Pep Guardiola, não minhas, e indicam a existência de um novo queridinho em Manchester. O brasileiro justificou os elogios após quatro jogos – três como titular – ao marcar três gols e dar duas assistências em três vitórias do City. Mas talvez o que explique tamanho prestígio com o chefe apareça em outros números. 

Antes de salvar – nos acréscimos contra o Swansea –, Jesus correu. Menos como Forrest Gump, mais como Lola, personagem do filme alemão de pouco sucesso no fim dos anos 90. Já há uma diferença notória do que Agüero e Gabriel entregam na fase defensiva, tão importante para Pep quanto um passe vertical ou uma finalização certa. 

Segundo levantamento da “Sky Sports”, Jesus percorreu uma distância 16% maior que a do argentino em média a cada 90 minutos: 11,32 km contra 9,79 km. Em arrancadas, a vantagem do brasileiro é ainda mais considerável: 73 a 59, ou 23%, sempre por partida. Nos 18 jogos em que atuou na Premier League nesta temporada, só em um Agüero atingiu 72 piques. Kun também nunca passou de 10,88 km por jogo desde agosto, o que Gabriel correu na goleada sobre o West Ham. 

– Ele se movimenta mais que Agüero. Agüero é um jogador sensacional, mas você já pode ver que Guardiola está mais na direção do que ele quer para o time. Talvez Agüero não caiba nesse estilo – opinou Gary Neville, ex-jogador do Manchester United e comentarista do canal de TV inglês. 

A explicação de Guardiola sobre a função dos atacantes sem a bola é bastante didática: 

– Você sabe que, quando os defensores tiverem três ou quatro segundos de liberdade, a bola vai chegar boa. Mas quando os atacantes são os melhores defensores, e quando os defensores são os melhores criadores, então você vai ter um time forte. 

Quando Gabriel ainda era jogador do Palmeiras, Guardiola já dava sinais de que não estava totalmente satisfeito com o rendimento de Agüero. Isto inclui o início avassalador, com 11 gols nos primeiros seis jogos da temporada. Em mais de uma oportunidade, Pep cobrou ao argentino “mais dez metros”, tradução para pressionar mais a saída do adversário. Na partida de ida contra o mesmo Swansea, Guardiola disse estar feliz por Agüero ter marcado dois gols, mas confessou: “Ele sabe que eu quero algo a mais”. 

A simples verdade é que o argentino não se adaptou na mesma velocidade do brasileiro. Com Gabriel à frente, ele começou dois jogos seguidos do Inglês no banco de reservas pela primeira vez em seus cinco anos e meio de clube. E olha que estamos falando do terceiro maior artilheiro da história do City (154 gols) e do segundo jogador mais rápido a atingir os 100 gols na Premier League (em 147 jogos, 23 a mais que o inglês Alan Shearer). Ou do homem que imortalizou o minuto 93:20 e deu um título aos Citizens após 44 anos. Em resumo: o maior ídolo em algumas décadas. 

Estes não são predicados que farão Agüero jogar automaticamente com Pep (aqui vale lembrar que o catalão não conseguiu extrair o máximo de Eto’o e Ibrahimovic e preferiu negociá-los). E o começo de Gabriel é empolgante justamente por aliar o que o argentino faz de melhor (gols³) com o que Guardiola vislumbra como ideal. Um atacante que não para, que cria os próprios espaços, que se posiciona entre as linhas ou recua para puxar um marcador, que força um erro do zagueiro ou que desarma a 20 metros do gol. Virtudes da modernidade. 

Ainda há muito a ser feito, como mostrou o segundo tempo contra o Swansea, mas a impressão é de que ele não sairá mais deste time. A não ser que Agüero sue mais a camisa.

G1

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