Paraquedista Diego Camargo Martins, de 37 anos, morreu ao cair na Rodovia Castello Branco, altura do quilômetro 115, em Boituva. Segundo a polícia, ele morava em São Paulo e saltava com frequência.
BOITUVA/SP – O amigo do paraquedista Diego Carmargo Martins, que morreu após cair no quilômetro 115 da Rodovia Castello Branco (SP-280), em Boituva (SP), contou ao G1 como foi o salto minutos antes do acidente.
Segundo a Polícia Rodoviária, Diego, de 37 anos, foi atingido por uma carreta que passava pela rodovia, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Ele morava em São Paulo (SP) e praticava o esporte com frequência.
“Nunca imaginei que isso aconteceria com ele. Era uma pessoa com experiência e tinha mais saltos que eu. Uma tragédia. Ele poderia ter pousado em tantos lugares, como em áreas verdes que têm perto do Centro de Paraquedismo, poderia ter sobrevivido. Mas foi parar justamente na rodovia movimentada. Penso que era o dia dele morrer”, afirma Rodrigo Milano.
De acordo com Rodrigo, ele e o amigo saíram durante a madrugada de São Paulo para irem até Boituva com um grupo.
“Todos estavam animados e ansiosos para mais um salto, porque é uma experiência incrível. Diego mesmo estava tranquilo e tudo correria bem. Conhecia ele há três meses e sempre foi uma pessoa do bem. Amava saltar.”
No vídeo é possível ver Diego consciente. Poucos minutos depois, ele se afasta do companheiro e não dá pra vê-lo abrindo o paraquedas.
“Como mostram as imagens, saltamos e ficamos em queda livre. Fizemos todos os procedimentos normais e não teve nenhuma situação anormal. Em seguida, fomos afastando um do outro por segurança até darmos o tempo para dar o comando de paraquedas”, relata.
Contudo, Rodrigo afirma que após o procedimento de dar o comando do paraquedas principal não viu mais Diego ao redor e ficou preocupado.
“Nesse tempo, já olhei para cima para continuar com o procedimento e aproveitar o salto. Quando voltei de novo a olhar não vi o Diego. Fiquei preocupado, mas logo pensei que ele apareceria a qualquer momento e continuei com os procedimentos. Porém, ele não apareceu”, diz.
O amigo ainda afirma que quando pousou e não viu Diego, já pensou que algo errado poderia ter acontecido. “Fui até a escola e também nada dele, sabia que algo errado tinha acontecido. Até que nos confirmaram a morte”, diz.
O paraquedista diz que não sabe o que pode ter acontecido. “Não dá para saber o que houve porque estava tudo certo. Como ele acionou o paraquedas reserva, suspeito que ele deve ter perdido a consciência e não soube administrar o comando do paraquedas principal. Mas não dá para afirmar com certeza o que houve. Uma tristeza”, diz.
O caminhoneiro Nelson Hidemi Imot informou à TV TEM que o paraquedista apareceu de repente na frente do veículo. Ele não conseguiu desviar a tempo e parou no acostamento cerca de 200 metros à frente.
A pista não precisou ser interditada, mas a equipe levou quase três horas para retirar o corpo e fazer a perícia no local.
Investigação
O caso foi registrado na delegacia e um inquérito policial vai investigar as causas do acidente. Agora, a polícia procura a câmera que estava acoplada no capacete do paraquedista, que pode ajudar a entender o que causou o acidente.
De acordo com o delegado Emerson Jesus Martins, o laudo do IML, que vai apontar a causa da morte, sairá nos próximos dias. Além disso, a polícia vai ouvir testemunhas.
Inconsciente
O presidente da Associação de Paraquedismo de Boituva (SP), Nilson Pereira Leitão, afirmou à TV TEM que acredita que o paraquedista não estava consciente durante o pouso.
“O que ocorreu é que ele não acionou o paraquedas principal e o reserva abriu automaticamente. Mas se ele tivesse consciente, teria pilotado esse paraquedas reserva e pousado normalmente. Ter pane no principal e acionar o reserva acontece muitas vezes, é normal. Mas ele não navegou o paraquedas e o vento levou ele para a estrada e acertou o veículo”, afirmou.
Nas redes sociais, o paraquedista Diego Camargo demonstrava paixão pelo paraquedismo.
Em abril deste ano, ele postou uma foto de perfil no Facebook com a frase: “If one day Adrenaline kill me, do not cry because i was smiling”, algo como “Se um dia a adrenalina me matar, não chore porque eu estava sorrindo”.
O texto é adaptação de uma frase que virou meme na internet quando o ator Paul Walker – famoso pela franquia Velozes e Furiosos – morreu, em 2013. Na frase, atribuída ao ator, a palavra “adrenalina” é substituída por “velocidade”.
A postagem está sendo compartilhada por amigos e familiares de Diego. “Fiquei arrepiada. Que Deus conforte a todos”, escreveu uma internauta.