Forças de segurança do Afeganistão na área do segundo ataque em Cabul (Foto: REUTERS/Omar Sobhani).

Ataques matam mais de 20 no Afeganistão; 10 são jornalistas

Homem-bomba disfarçado de repórter detonou explosivos em Cabul. Funcionário da BBC foi morto a tiros no sudeste do país.

Ao menos 26 pessoas, incluindo dez jornalistas e quatro policiais, morreram em ataques múltiplos nesta segunda-feira (30) no Afeganistão. Dois deles envolveram homens-bombas em Cabul, com 25 mortos e pelo menos 49 feridos. Em ataque separado no sudeste do país, um repórter que trabalhava para a BBC foi morto a tiros.

Forças de segurança do Afeganistão na área do segundo ataque em Cabul (Foto: REUTERS/Omar Sobhani).

Forças de segurança do Afeganistão na área do segundo ataque em Cabul (Foto: REUTERS/Omar Sobhani).

De acordo com a ONG Repórteres sem fronteiras, até então 14 jornalistas tinham morrido por causa do trabalho no mundo inteiro em 2018 – um deles no Brasil.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria dos ataques a bomba em Cabul, mas a morte do jornalista da BBC ainda não tem autoria identificada.

Bombas em Cabul

Houve uma primeira explosão em Cabul, pouco antes das 8h (horário local), em uma área próxima à sede do Serviço de Inteligência Afegão (NDS).

“Um homem-bomba que circulava em uma motocicleta detonou seus explosivos diante de um curso de inglês na área de Shash Darak”, afirmou o chefe de polícia de Cabul, Hashmat Stanikzai.

Jornalistas seguiram para o local do atentado, onde cerca de 30 minutos depois houve outra explosão. De acordo com uma fonte das forças de segurança, o segundo homem-bomba estava disfarçado de repórter com uma câmera na mão.

Shah Marai, diretor do departamento de fotografia da agência da AFP em Cabul, que seguiu para o local da primeira explosão, morreu na segunda detonação. Ele deixou mulher e seis filhos – o mais novo com apenas semanas de vida.

Estados Islâmico reivindica

Em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda Amaq, o EI afirmou que o primeiro atentado atingiu a sede do serviço de inteligência e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local.

“Os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos”, informou nas redes sociais o braço do EI no Afeganistão.

O comunicado identifica o primeiro homem-bomba como “Kaaka al-Kurdi”, o que sugere que era de origem curda, e o segundo como Khalil al Qurashi.

Ataque à imprensa

Outros oito jornalistas que também morreram no ataque a bomba trabalhavam para meios de imprensa afegãos, como Mashal TV, 1TV, Radio Azadi e Tolo News, que em 2016 foi alvo de um atentado que deixou sete mortos e também foi reivindicado pelos talibãs.

Em um outro ataque na província de Khost, um jornalista da BBC foi morto a tiros quando voltava para a casa. Ele trabalhava para a rede pública de notícias do Reino Unido havia cerca de um ano. Os suspeitos ainda não foram identificados.

O Comitê pela segurança dos jornalistas afegãos pediu uma investigação completa sobre os assassinatos ocorridos nesta segunda-feira. Segundo a entidade, os ataques miraram a liberdade de imprensa no país.

G1

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