O menino Joaquim Ponte Marques foi encontrado morto cinco dias após desaparecer da casa onde morava em Ribeirão Preto (Foto: Arquivo pessoal)

Padrasto de Joaquim foi preso pela Interpol em Barcelona

Foragido desde setembro, Guilherme Longo foi preso pela Interpol nesta quinta-feira (27) em uma praça em Barcelona. Ele usava documentos falsos e pode ter deixado o Brasil pelo Uruguai.

BARCELONA/ESP – A Polícia Federal informou que o padrasto do menino Joaquim deverá permanecer preso na Espanha até o julgamento do processo de extradição ao Brasil. Foragido da Justiça desde setembro do ano passado, Guilherme Raymo Longo foi detido pela Polícia Internacional (Interpol) nesta quinta-feira (26) em uma praça em Barcelona. Ele usava documentos falsos no nome de um primo que mora em Santa Catarina.

Longo é acusado de matar o enteado, de 3 anos, em outubro de 2013, em Ribeirão Preto (SP). A Polícia Civil concluiu que Joaquim, que era diabético, recebeu uma alta dosagem de insulina e foi jogado em um córrego próximo à casa da família. O corpo dele foi encontrado no Rio Pardo, em Barretos (SP), cinco dias após o desaparecimento.

Por questões de segurança, o advogado de defesa, Antônio Carlos Oliveira, disse que vai entrar com um pedido na Justiça para que Longo seja levado a Tremembé (SP) assim que retornar ao Brasil.

O Itamaraty informou que o governo brasileiro ainda não foi notificado oficialmente da prisão de Longo pelas autoridades espanholas. “Uma vez notificado, pela via diplomática, poderá tomar as medidas cabíveis ao caso”, diz a nota.

Fuga do Brasil e prisão

O técnico em informática deixou a Penitenciária de Tremembé (SP) em fevereiro de 2016, onde estava preso preventivamente, após obter um habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele passou a morar na casa dos pais em Ribeirão Preto, mas foi dado como foragido em setembro.

Após receber informações de que Longo estaria na Espanha, a Polícia Federal incluiu a ordem de prisão expedida pela 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto na Difusão Vermelha da Interpol, que contém os nomes de foragidos internacionais.

Nesta quinta-feira, o Escritório da Interpol em Madri e o Cuerpo Nacional de Policia da Espanha o prenderam em Barcelona. Segundo a polícia, ele estava na cidade desde março e portava documentos falsos em nome do primo, Gustavo Longo Triani.

A suspeita é que ele tenha deixado o Brasil pelo Uruguai, mas ainda não há detalhes sobre a forma com que Longo conseguiu driblar a imigração espanhola. O padrasto de Joaquim chegou a criar um perfil no Facebook com a própria foto, mas utilizava o nome do primo. De acordo com o promotor Marcus Túlio Nicolino, a página é uma das pistas que ajudaram a identificar o paradeiro do réu.

Suspeita de ajuda de parentes

Ainda segundo o promotor, não há prazo para que Longo seja extraditado. A polícia brasileira vai investigar se houve ajuda de parentes e de outras pessoas na fuga dele. “Ninguém fica tanto tempo foragido e consegue se deslocar a um país da Europa sem ajuda. Sabíamos que havia uma movimentação suspeita financeira por parte da família e que indicava que ele pudesse estar sendo abastecido com dinheiro da família para possibilitar a sua fuga”, diz.

De acordo com a PF, Longo foi levado a uma delegacia em Barcelona e deverá ser transferido nesta sexta-feira (28) para uma cadeia.

O advogado do técnico em informática defende que o Ministério Público não tem provas que o incriminem na morte de Joaquim. “Não existe nenhuma prova de que o menino Joaquim foi morto por uma alta dose de insulina. A perícia não demonstrou esse fato. A acusação tem suposições inadmissíveis no direito penal”, diz Oliveira.

O caso

Guilherme Longo foi indiciado por homicídio triplamente qualificado. A mãe do menino, a psicóloga Natália Mingone Ponte, também é ré no caso. Ela é acusada de ter sido omissa em relação à segurança do filho, por saber que Longo era agressivo e havia voltado a usar drogas na época da morte do garoto. Ela aguarda o julgamento em liberdade.

Joaquim desapareceu da casa onde vivia com o casal e o irmão mais novo no fim de outubro de 2013. Cinco dias depois, o corpo foi encontrado por um pescador no Rio Pardo, em Barretos.

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) emitido na época apontou ausência de água no organismo, o que descartou a suspeita de afogamento, mas não identificou outras substâncias.

Para a Polícia Civil e o Ministério Público, Longo aplicou uma alta dose de insulina no menino, que sofria de diabetes, e jogou o corpo no córrego próximo à residência da família, no Jardim Independência.

Todas as testemunhas do caso já foram ouvidas pela Justiça, que vai definir se o caso vai a júri popular ou não.

Durante o tempo em que Longo esteve foragido, o promotor de eventos Arthur Paes, pai de Joaquim, espalhou outdoors em uma campanha para tentar localizar o acusado.

G1

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