Fotos: Reprodução/SBT

Pen drive perdido em viatura revela esquema milionário de narcotraficante

O SBT teve acesso, com exclusividade, à investigação sobre a organização criminosa envolvida no desvio de recursos públicos por meio de contratos com prefeituras da Grande SP

ARUJA – O SBT teve acesso, com exclusividade, à investigação sobre um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, envolvendo contratos superfaturados com prefeituras da Grande São Paulo e um dos maiores narcotraficantes do país, o foragido Anderson Lacerda Pereira.

A organização criminosa foi descoberta de forma inusitado. Em fevereiro deste ano, o filho de Anderson, Gabriel Donadon, foi abordado por policiais civis que, a princípio, investigavam a quem pertencia um arsenal encontrado.

Após ser detido, Gabriel escondeu um pen drive e dois cartões de memória, onde havia informações detalhadas sobre o esquema, que envolvia a maior facção criminosa do país e o Poder Público, nas frestas do banco da viatura, achando que “os policiais jamais encontrariam”. As provas dos crimes foram encontradas, mais tarde, por um funcionário de um lava-rápido.

Ao saber que o pen drive havia sido encontrado, o filho de Anderson Lacerda procurou a Corregedoria da Polícia Civil, afirmando que os agentes haviam pedido propina, no valor de 5 milhões de reais. Durante as buscas, realizadas na semana passada, os investigadores encontraram anotações que revelaram que a tentativa de forjar uma extorsão era, na verdade, um plano para prejudicar o processo.

O advogado de Anderson, que é o mesmo de Marcos Herbas Camacho, o Marcola, se mostrou incomodado com as apreensões e afirmou ao delegado que a intenção dele era de “evitar uma guerra”.

A investigação mais recente sobre as atividades criminosas comandadas por Anderson Lacerda é conduzida por policiais civis de Guarulhos, na Grande São Paulo. A Polícia explicar que, hoje, a atuação do narcotraficante é dividida em três frentes, todas interligadas.

A “Célula PCC” é responsável por traficar drogas e armamento pesado, fornecido para outros criminosos. A organização também é responsável por roubos a bancos, como o que ocorreu no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, no ano passado.

Empresas em nome de laranjas, espalhadas pela região metropolitana de São Paulo e pelo interior do estado, compõem a “Célula Lavagem”. A quadrilha utiliza clínicas odontológicas a preço popular para servirem de fachada para lava o dinheiro do crime organizado, para prestar atendimento médico a bandidos feridos e para realizar execuções do chamado “tribunal do crime”. Um funcionário de uma dessas clínicas procurou a polícia, em 2016, mas foi torturado e morto pela facção.

Já a “Célula Contratos Públicos”, organizações sociais e empresas que prestam serviços públicos, todas instituições gerenciadas por Anderson Lacerda, estabeleciam contratos superfaturados com prefeituras da Grande São Paulo. Foram descobertos esquemas em ao menos sete municípios do estado, dentre eles, um de transporte escolar, na cidade de Santa Isabel.

Na semana passada, uma operação também resultou na prisão de sete pessoas, entre elas, o vice-prefeito de Arujá, Márcio José de Oliveira (PRB-SP). A suspeita é de que o político e o narcotraficante desviavam verbas públicas dos setores da saúde e limpeza urbana.

Com um patrimônio estimado em mais de 130 milhões de reais, Anderson Lacerda foi posto em liberdade há quatro anos, por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Desde então, o narcotraficante está foragido e é procurado até pela Interpol.

 

Fonte: SBT 

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