Neurocirurgião James Goodrich (à esquerda) ao lado do coordenador da cirugia das gêmeas, Benício Oton — Foto: Benício Oton/Arquivo Pessoal.

Coronavírus: morre nos EUA médico que orientou cirurgia de separação das gêmeas siamesas Lis e Mel, no DF

James Goodrich estava internado em UTI nos Estados Unidos. Neurocirurgião esteve em Brasília, no ano passado, para operação das irmãs.

O médico norte-americano James Goodrich, que orientou a cirurgia de separação das gêmeas Mel e Lis, em abril do ano passado, no Distrito Federal, morreu no último domingo (29). Ele foi vítima do novo coronavírus (Covid-19) e estava internado em um hospital em Nova Iorque.

Neurocirurgião James Goodrich (à esquerda) ao lado do coordenador da cirugia das gêmeas, Benício Oton — Foto: Benício Oton/Arquivo Pessoal.

Neurocirurgião James Goodrich (à esquerda) ao lado do coordenador da cirugia das gêmeas, Benício Oton — Foto: Benício Oton/Arquivo Pessoal.

Segundo o coordenador da equipe que operou as irmãs na capital, Benício Oton, James estava internado desde quarta-feira (25) em “estado grave” e sedado no hospital. Ele passou os últimos dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respirava por aparelhos.

O médico era neurocirurgião e fazia parte de uma equipe especializada em cirurgias para separar siameses, sobretudo, craniópagos – unidos pela cabeça.

Ele esteve no Hospital da Criança, em Brasília, para atuar como conselheiro na missão de separar as irmãs gêmeas siamesas Mel e Lis. Ajudou também em outros procedimentos realizados em Ribeirão Preto, em São Paulo.

Ao G1, Benício Oton lamentou a morte e disse que conhecia James há mais de duas décadas.

“Ele é um amigo nosso, conhecia há mais de 20 anos. Além da parte científica, mas tinha a amizade mesmo”, declarou.

Relembre o caso

Mel e Lis passaram 10 meses unidas pela cabeça, na altura da testa. A separação das gêmeas siamesas ocorreu no dia 27 de abril. A cirurgia, dividida em 36 etapas, começou às 6h30 de sábado e só terminou às 2h30 de domingo (28).

Mais de 50 profissionais participaram do procedimento, todo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Foi o primeiro do tipo no Distrito Federal e o terceiro no Brasil.

Segundo a equipe, não havia veias ou artérias ligando o cérebro das meninas. Mas o processo, além de raro, exigia extremo cuidado. No local onde os cérebros ficavam encostados não existia nenhuma membrana revestindo o sistema nervoso.

A cirurgia foi um sucesso. À ocasião, a mãe das meninas, Camila Vieira, era só gratidão.

“Agora, nós vemos a vida de uma forma diferente. Assim como elas lutaram, também aprendemos a dar mais valor à nossa [vida].”

G1

 

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