Policial militar dá tiro em rua com pessoas andando na calçada na Zona Leste de SP; uma pessoa foi ferida — Foto: Reprodução/Redes sociais.

Corregedoria afasta policiais envolvidos em caso de cozinheiro baleado na Zona Leste de SP

Vídeo mostra policial militar efetuando um disparo e dizer: “Amanhã vou preso (…) para mim tanto faz. Para mim tanto faz.” Rapaz de 32 anos está hospitalizado em estado grave.

SÃO MATEUS/SP – A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afastou das ruas os policiais envolvidos no caso do cozinheiro de 32 anos, baleado no peito na madrugada de domingo (26), em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo.

Policial militar dá tiro em rua com pessoas andando na calçada na Zona Leste de SP; uma pessoa foi ferida — Foto: Reprodução/Redes sociais.

Policial militar dá tiro em rua com pessoas andando na calçada na Zona Leste de SP; uma pessoa foi ferida — Foto: Reprodução/Redes sociais.

O G1 teve acesso a um vídeo que mostra um policial militar atirando no local. O disparo teria atingido a vítima (veja vídeo acima), segundo relato de parentes.

Nas imagens, um dos agentes aparece atirando contra um grupo de pessoas. Ele aparece em um vídeo e chega a dizer que “amanhã vou preso (…) para mim tanto faz. Para mim tanto faz.”

A vítima está internada em estado grave no Hospital Santa Marcelina. A bala atingiu o braço e ficou alojada a três centímetros do coração. De acordo com o Hospital, o rapaz foi operado nesta terça (28) e o quadro de saúde é estável.

G1 conversou com um familiar do cozinheiro que prefere não se identificar por medo de represália. Ele disse que o cozinheiro estava a cerca de 10 metros da viatura policial.

No local, horas antes, houve uma festa de confraternização de um time de futebol do bairro com churrasco entre os moradores. Ainda de acordo com o parente da vítima, a festa já havia sido encerrada quando os policiais chegaram.

O caso aconteceu próximo do local onde Rafael Aparecido Almeida de Souza, de 23 anos, foi morto baleado em maio do ano passado (leia mais abaixo).

O parente da vítima disse que a família está sofrendo pressão dos policiais desde a madrugada de domingo.

“Alguns policiais foram ao hospital e falaram para a gente não registrar o Boletim de Ocorrência e falaram que já teve um caso aqui, do Rafael [leia mais abaixo]. Estamos com medo de fazer o Boletim de Ocorrência.”

“Mais um caso grave de abuso ocorrido na periferia de São Paulo que exemplifica a crescente violência policial”, disse Ariel de Castro Alves, integrante do conselho de direitos humanos do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

Em nota, a Polícia Militar “esclarece que avaliará as imagens citadas e adotará as medidas cabíveis após a devida apuração. O caso, registrado como lesão corporal, é investigado pelo 49º Distrito Policial. Equipes da unidade realizam diligências para esclarecer todas as circunstâncias do fato.”

Mais cedo, a Ouvidoria das Polícias tinha pedido o afastamento do PM. “Vou instaurar procedimento e acompanhar a apuração na Corregedoria da PM. Vou solicitar afastamento do policial e que a corregedoria apure o caso”, disse ouvidor Benedito Mariano.

Outro caso na região

O caso ocorrido na madrugada deste domingo fica próximo do local onde Rafael Aparecido Almeida de Souza, de 23 anos, foi morto baleado em maio do ano passado. Testemunhas prestaram depoimento ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e relataram uma versão diferente da informada pelo policial militar, que alegou que a morte ocorreu com tiro foi acidental.

As testemunhas relataram, em depoimentos aos quais o G1 teve acesso, que o rapaz não se aproximou e nem falou com o PM, que teria atirado após supostamente falar: “quem manda aqui é nois”.

No boletim de ocorrência, que foi registrado como homicídio decorrente de resistência à intervenção policial, a polícia disse que realizava uma abordagem a dois suspeitos de tráfico de drogas em São Mateus quando foram hostilizados por um grupo de pessoas, entre elas Rafael.

Segundo um dos PMs, o rapaz tentou pegar sua arma, “instante em que ocorreu o disparo”.

À polícia, testemunhas deram uma versão diferente, afirmando que a família e amigos de Rafael realizaram um churrasco durante à tarde e que, à noite, policiais apareceram no local e abordaram Tiago, um irmão do rapaz morto.

À época, a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo informou, em nota, que “todas as circunstâncias referentes à ação policial são apuradas por meio Inquérito Policial Militar (IPM). A ocorrência também segue em investigação pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por meio de inquérito policial”.

G1

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