Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto sumiram no dia 24 de setembro — Foto: Reprodução/TV Globo.

Homem é condenado a 61 anos e 5 meses de reclusão por morte e estupro de duas meninas em SP

Vítimas tinhas 3 anos e crimes aconteceram em 2017. Os dois réus foram achados após sofrerem tortura de moradores indignados. O outro réu ainda será julgado pelo Tribunal do Júri.

SÃO MIGUEL PAULISTA/SPMarcelo Pereira de Souza foi condenado, nesta quarta-feira (28), a 61 anos e 5 meses de reclusão em regime inicial fechado, além de 20 dias/multa pela morte de duas crianças na Favela Jardim Lapena, em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, em outubro de 2017. Ele foi julgado pela 4ª Vara do Tribunal do Júri, na Barra Funda.

Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto sumiram no dia 24 de setembro — Foto: Reprodução/TV Globo.

Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto sumiram no dia 24 de setembro — Foto: Reprodução/TV Globo.

O outro réu no processo, Everaldo de Jesus Santos, não foi julgado, pois a defesa dele entrou com o recurso contra a pronúncia, feita pela juíza Liza Livingston. Ainda não há data para o julgamento do réu Everaldo. O processo segue em segredo de Justiça.

As meninas Adrielli Mel Porto, a Mel, de 3 anos e 8 meses, e de Beatriz Moreira dos Santos, a Bia, de 3 anos e 11 meses, desapareceram no dia 24 de setembro de 2017 e os corpos foram encontrados dentro de um veículo no dia 12 de outubro. As vítimas foram assassinadas e depois estupradas por eles.

Segundo a polícia, Marcelo Pereira de Souza confessou seu envolvimento no crime, e Everaldo Jesus Santos também teve participação. Um deles, de 37 anos, já cumpriu pena por estupro.

“Segundo depoimento do Marcelo, que confessou o crime, ele nos disse que atraíram as crianças com doces. Eles levaram as duas até um barraco e disseram para as crianças que lá teriam mais doces. Eles mataram primeiro e depois estupraram as crianças”, disse a delegada Ana Paula Rodrigues, titular da 5ª Delegacia de Repressão a Crimes contra Crianças e Adolescentes do DHPP, responsável pela investigação do caso.

Durante a investigação, Everaldo explicou que Marcelo não sabia os nomes das crianças e as tratava, durante o depoimento, pela cor da pele. “Ele nos disse que matou e estuprou a branquinha, que é a Beatriz.”

A delegada disse que ele foi indiciado por sequestro, estupro de vulnerável, homicídio e ocultação de cadáver.

Durante a investigação, a polícia descobriu que “Everaldo teve uma briga com Allan, pai da Adrielly, pois ele o teria acusado de roubar drogas dele”.

Ainda durante o depoimento de Marcelo, ele disse à polícia, que “pegaram as crianças entre 15h e 16h do dia do desaparecimento (24 de setembro) e que esperaram anoitecer para sair com as crianças e colocar na Fiorino. Eles não fecharam a porta da Fiorino para não chamar a atenção dos vizinhos”.

Em seu depoimento, Marcelo disse ter sofrido violência sexual quando criança. “Ele sofreu violência sexual por parte dos primos quando tinha 12 anos. Ele confessou o crime e disse que precisa de tratamento.”

A polícia ouviu o depoimento da mulher dele, mas não divulgou o nome dela. “Ela disse, no dia seguinte ao desaparecimento, ter confessado para ela ter matado e estuprado as crianças com o Everaldo. Por isso a mulher nos disse que não conseguia mais dormir com ele.”

“Ela disse ainda que, quando estava grávida da filha, que hoje tem 4 anos, que o Marcelo, quando soube que era uma menina, que tinha medo porque ele tinha atração por crianças do sexo feminino”, afirmou a delegada.

As duas crianças foram mortas, de acordo com a polícia, por asfixia. “Os corpos estavam em estado de putrefação instalado. Foi encontrado um vermelho nos dentes das crianças, o que chamamos tecnicamente de dentes rosados. Esse é um dos indícios de asfixia, pois quando se asfixia uma criança rompem-se pequenos vasos na boca e que mancham os dentes.”

Tortura

A delegada esclareceu o motivo de os dois presos terem sido ouvidos e liberados em seguida na época da investigação. “Não havia indícios de que eles teriam envolvimento com esse caso. Membros da comunidade e criminosos da região sequestraram os dois e os torturaram. Eles foram liberados, mas foram monitorados, pois Marcelo já tinha cumprido pena de 6 anos por ter molestado a filha de 7 anos da então namorada em 2005. Naquela época ele foi preso em flagrante.”

Os dois chegaram a ser torturados por moradores da região, que suspeitavam do envolvimento deles no crime. Na ocasião eles foram liberados pela polícia e negaram participação no caso.

Eles foram encontrados em um barraco no Jardim Queralux, na Zona Leste, machucados e amarrados.

A polícia foi até o local após receber uma denúncia, e os homens disseram que tinham sido torturados por pessoas que achavam que eles teriam participado da morte das meninas.

Os dois disseram à polícia que foram pegos por homens que estavam em um carro vermelho, no fim da tarde de domingo, e que foram torturados para confessar que mataram as meninas, mas negaram o crime.

G1

Comments are closed.

error: Solicite a matéria por email!