Material apreendido com suspeita de aplicar o golpe 'boa noite, Cinderela' em baladas de luxo de São Paulo: máquinas de cartão e remédios para dormir — Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Mulher é presa suspeita de aplicar golpe ‘boa noite, Cinderela’ e usar máquina de cartão para roubar homens em baladas de luxo em SP

Segundo a polícia, ela levou mais de R$ 30 mil de 5 vítimas após dopá-las e pegar senhas de cartões. Mulher negou crime e disse que ficou com dinheiro dos homens porque eles quiseram lhe dar.

SÃO PAULO/SP – Uma mulher de 31 anos foi presa na terça-feira (6) por suspeita de aplicar o golpe “boa noite, Cinderela” em pelo menos cinco homens que conheceu neste ano em três baladas de luxo no Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo.

Material apreendido com suspeita de aplicar o golpe 'boa noite, Cinderela' em baladas de luxo de São Paulo: máquinas de cartão e remédios para dormir — Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Material apreendido com suspeita de aplicar o golpe ‘boa noite, Cinderela’ em baladas de luxo de São Paulo: máquinas de cartão e remédios para dormir — Foto: Divulgação/Polícia Civil.

Vídeos gravados pela Polícia Civil mostram ela abordando frequentadores em algumas das casas noturnas. Outras imagens registram o momento da prisão dela em sua casa, na Zona Leste da capital.

Segundo a investigação, a mulher:
  • Escolhia homem sozinho e o abordava
  • Aproveitava a distração da vítima para colocar remédio para dormir na bebida
  • Quando o medicamento fazia efeito, saía da balada com o homem dopado
  • Em seguida, usava uma maquininha de cartão e, com as senhas da vítima, fazia operações de débito e crédito
  • Os roubos ocorriam em carros por aplicativos, hotéis ou motéis.

“Só nesses cinco casos do golpe ‘boa noite, Cinderela’, ela tirou mais de R$ 30 mil das contas das vítimas”, disse o delegado Fernando Cesar de Souza, do 15º Distrito Policial (DP), onde os casos foram registrados como roubo e estelionato. O delegado Rafael Cocito participou da investigação.

G1 não conseguiu localizar as vítimas, a suspeita nem seu advogado para comentarem o assunto. Em seu interrogatório, a mulher declarou ser manicure e alegou que ficou com o dinheiro dos homens porque eles quiseram lhe dar. Segundo o delegado que investiga o caso, ela também negou ter drogado os homens.

“Ela fazia compras no débito e crédito até o cartão ser bloqueado”, afirmou Souza na quarta-feira (7). “Todas as vítimas tinham limite alto, com alto padrão aquisitivo.”

Com a mulher foram apreendidos três máquinas de cartões, dois celulares, relógio, anéis e remédios usados para dormir.

De acordo com Fernando, o número de vítimas pode ser ainda maior, já que há outros dez casos semelhantes sendo investigados. “Esses homens serão chamados para também fazerem o reconhecimento dela.”

A polícia também apura a possibilidade de que outras pessoas tenham ajudado a manicure a cometer os crimes. Motoristas de aplicativos e “laranjas” que receberam o dinheiro das vítimas são investigados.

Maioria das vítimas é homem

Há dois anos, o G1 publicou dados exclusivos obtidos pela reportagem que mostram que, na cidade de São Paulo, 93% das vítimas do golpe “boa noite, Cinderela” são homens, e o objetivo do crime é roubar. Já entre as mulheres, vítimas menos frequentes deste crime (6% do total), o estupro é o resultado predominante para elas.

Os números revelam ainda que os crimes estão concentrados na região central, no entorno de bares e casas noturnas.

As estatísticas se referem ao período de janeiro de 2016 a agosto de 2017. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Segundo a polícia, o número de casos é maior do que os que foram de fato registrados, porque a vítima destes casos muitas vezes sente vergonha por ter caído no golpe. Algumas alegam, por exemplo, que sofreram um assalto à mão armada. Há casos ainda de homens casados ou comprometidos que não querem registrar o encontro com outra pessoa.

Para evitar o crime, a polícia sugere que, em um primeiro encontro, a pessoa vá sempre a um local onde é conhecida. Se for um hotel, o ideal é que seja um local que tenha registro de entrada e saída e que a pessoa faça questão de se registrar.

Que substância é usada?

Mais de uma mistura pode ser usada para se aplicar o golpe, como calmantes indutores de sono somados com quetamina (usada como anestésico) ou GHB (usado no tratamento de dependências) e até cocaína.

O calmante é o que causará o apagão de memória. Já a quetamina e o GHB, se estiverem em grandes quantidades, deixam a vítima muito vulnerável sem saber quem é direito, nem onde está. Dessa forma, a vítima pode passar a senha do cartão porque não está ainda inconsciente.

Essas substâncias só podem ser vendidas com receita médica. Mas existe um mercado paralelo dos remédios.

G1

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