Ex-presidente do Senado avalia que governo ainda terá muitas dificuldades porque ‘não ouve’ ninguém.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, criticou a gestão do presidente Michel Temer em entrevista na manhã desta quarta-feira (5). Ele entende que o governo terá “muitas dificuldades” porque “não ouve” ninguém. Ainda avaliou que Temer “não tem o que fazer” sobre a situação econômica do país, enquanto “Dilma não sabia o que fazer” antes de sofrer o impeachment.
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, durante pronunciamento na tribuna (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado).
O G1 questionou o Palácio do Planalto sobre as críticas de Renan Calheiros, mas não tinha recebido um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
“A impressão que a gente tem, e eu convivo com todos, é que a presidente Dilma, ela não sabia o que fazer. E a impressão de agora, com o presidente Michel, é que com essa política econômica, com esse aumento de imposto, com essa renegação da folha, com tudo isso, parece que, diferentemente da Dilma, que não sabia o que fazer, o Michel não tem o que fazer. E isso é pior para o Brasil”, disse Renan Calheiros à Rádio Gaúcha.
Calheiros pontuou, na entrevista, que as críticas não são pessoais. Para justificar sua posição, citou a reforma da Previdência.
“Não tem sentido nenhum você mandar para o Congresso Nacional uma reforma da Previdência com a calibragem que o presidente Michel mandou. Uma reforma da banca, querendo arrecadar R$ 780 bilhões em 10 anos. Tem que fazer uma reforma da Previdência ideal”, disse .
Na percepção do senador alagoano, os projetos do governo vão aumentar a crise, em vez de controlar.
“Eu acho que o governo vai ter muita dificuldade. Porque o governo está errando ao querer resolver a crise econômica, colocar a inflação na meta com mais recessão. Isso é um horror. Isso vai levar o país, em um curtíssimo espaço de tempo, infelizmente, a uma crise maior”, opina.
Calheiros já havia criticado o governo Temer em outras oportunidades. Em uma delas, publicou um vídeo nas redes sociais se mostrando contrário às medidas econômicas adotadas. Antes, comentou que a reforma da Previdência é “exagerada”.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a reforma da Previdência em análise na Câmara dos Deputados prevê, entre outros pontos, que homens e mulheres só poderão se aposentar com 65 anos de idade e o tempo mínimo de contribuição para pedir a aposentadoria será de 25 anos. A aposentadoria integral só será concedida após 49 anos de contribuição.
Aproximação de Lula
Na entrevista, Renan Calheiros foi perguntado se a postura de criticar o atual governo o aproxima de Lula, visando às próximas eleições presidenciais. “Não, não existe”, afirmou. “As pessoas falam isso porque há uma convergência. O Lula defende os trabalhadores e eu tenho dito que eu acho um erro transferir uma conta dessa para os trabalhadores e para as regiões mais pobres”, comentou.
“De 2018, nós temos que tratar em 2018. Nós não temos ainda regras, não sabemos como será o financiamento da eleição, definição de alianças. Não temos nada. Então, não dá pra antecipar definitivamente 2018 para agora”, completou.
*Com informações do G1 em Brasília.
