Michele Tomaz Pinto revelou, em depoimento, que Luiz Carlos Bezerra levava mochila com dinheiro com frequência ao escritório da mulher do ex-governador. Secretária diz que conferia e guardava a quantia no cofre.
Mais três delatoras são ouvidas na manhã desta sexta-feira (17), durante audiência na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, no processo derivado da Operação Calicute, que levou o ex-governador Sérgio Cabral para a cadeia em novembro do ano passado.

PF quer saber onde foram parar 80 joias compradas por Cabral, Adriana e assessor (Foto: Reprodução / TV Globo).
Michele Tomaz Pinto, que trabalhou durante 10 anos com Adriana Ancelmo, esposa de Cabral que também está presa no Complexo Penitenciário de Bangu, foi a primeira a prestar depoimento nesta manhã. Ela voltou a afirmar que conhecia Luiz Carlos Bezerra, suposto operador financeiro de Sergio Cabral.
Em 2016, a ex-secretária da advogada Adriana Ancelmo revelou à Polícia Federal que Luiz Carlos Bezerra ia com frequência ao escritório da mulher de Cabral para entrega de valores em espécie. Segundo os relatos feitos à PF, as quantias chegavam a até R$ 300 mil em dinheiro e era levado em uma mochila.
Michele trabalhou de 2005 a 2015 como gerente administrativa e secretária particular de Adriana em seu escritório. Segundo Michele, ela conhecia Carlos Bezerra do escritório. “Ele ia ao escritório da Adriana. Não me recordo data, mas ia com certa frequência. Semanalmente. Ele ia com uma mochila com quantia. Eu recebia o Carlos Bezerra, conferia a quantia e colocava no cofre do escritório”, afirmou.
Michele afirmou ainda que tudo isso era feito por orientação de Adriana e Tiago e o dinheiro não entrava no faturamento do escritório. Com esse dinheiro, Michele pagava contas pessoais de Adriana, como cartões de crédito, luz e condomínio.
Nesta sexta-feira, o ex-assessor de Cabral, Carlos Miranda, esteve presente no Tribunal do Júri, mas não chegou a acompanhar as oitivas desta manhã. Carlos Bezerra também esteve no local, mas foi retirado durante o depoimento de Michele, que chegou a citá-lo.
Na última quarta-feira, também em audiência na Justiça Federal, o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, confirmou o pagamento de propinas ao ex-governador do Rio em troca da participação da empresa em contratos com o estado. O executivo revelou que, logo após assumir o comando do Executivo estadual, Cabral o chamou para uma reunião em sua casa e pediu uma “contribuição” mensal de R$ 350 mil, e que os pagamentos foram feitos durante cerca de um ano e três meses.