Trabalhadores do sistema prisional dizem que as cadeias são 'barris de pólvora' (Foto: Divulgação - Eliel Oliveira)

Ordem dentro dos presídios de MS: exterminar líderes e membros do PCC

Primeira investida ocorreu no presídio de Dourados

O PCC (Primeiro Comando da Capital), sigla criada dentro de um presídio paulista, tida pelas autoridades policiais como uma das facções criminosas que mais aterroriza no país, enfrenta, em Mato Grosso do Sul, um de seus piores momentos, desde sua criação, em 1993, duas décadas atrás.

Trabalhadores do sistema prisional dizem que as cadeias são 'barris de pólvora' (Foto: Divulgação - Eliel Oliveira)

Trabalhadores do sistema prisional dizem que as cadeias são ‘barris de pólvora’ (Foto: Divulgação – Eliel Oliveira)

Há um movimento em curso, promovido por líderes de clãs rivais, uma delas o CV (Comando Vermelho), que planeja matar o encarcerado cujo nome tiver ligação com o PCC, apurou a reportagem do Jornal Midiamax. O CV é a segunda maior organização criminosa do país, surgida em 1979, em presídio do Rio de Janeiro.

Em palavras mais firmes: o propósito dos rivais do PCC é exterminar ou enfraquecer de vez a organização paulista, hoje presente em quase todos os presídios brasileiros.

A briga envolvendo o PCC nos cárceres de MS é parecida aos embates sangrentos que ocorreu nesta semana em presídios de Manaus (AM), onde 56 detidos foram mortos e, em Boa Vista (RR), que ainda contava na manhã desta sexta­feira (6) o número assassinados e esquartejados na madrugada, em torno de 30.

EM DOURADOS

Na terça-­feira passada (3), por volta das 23 horas, no Presídio Estadual de Dourados, o PED, casa penal que comporta perto de 2.400 presos, por pouco não ocorreu um massacre com proporções maiores do que os presídios de Manaus e Boa Vista, segundo fonte ligada à segurança estadual, que aceitou conversar com a reportagem, desde que o nome fosse mantido em segredo.

Lá no PED, em torno de 300 encarcerados do chamado Raio 1 tentaram invadir, na terça à noite, o pavilhão vizinho, o Raio 2, que abriga líderes, integrantes, e simpatizantes do PCC.

Os presos de Dourados ficam em celas instaladas em três setores, raios 1, 2 e 3, onde ficam 800 presos em cada uma delas.

Para avançar até o Raio 2, os presos, que seriam chefiados por integrantes do tal Comando Vermelho, quebraram cerca de 100 cadeados e destruíram dezenas de portas construídas com ferro.

Assim que chegaram perto do Raio 2, os presos do Raio 1 foram interceptados, de longe, por um grupo de 12 agentes penitenciários, que não usam armas.

Com apitos e, no “gogó”, disse a fonte, os agentes convenceram os encarcerados a desistirem da ideia da invasão.

De acordo com a fonte ouvida pelo jornal, os presos ligados ao CV quiseram entrar onde ficam os integrantes do PCC porque antes, durante o dia, baixou no pátio do presídio um Drone, aquele veículo aéreo não tripulado, controlado remotamente capaz de efetuar tarefas como  carregar uma pizza ou uma bomba.

Um suposto integrante do PCC pegou o material deixado pelo Drone, que entrou e saiu do presídio sem ser incomodado pela segurança local, e seguiu para o Raio 2, dominado pela organização.

“Eles [comando vermelho] acham que o Drone levou algum armamento para o pessoal do PCC, por isso ficaram perturbados e se avançassem até o Raio 2 na noite de terça­feira, MS teria, com certeza, um histórico da maior carnificina já ocorrida por aqui. Morreria mais 56 presos”, disse ao Jornal Midiamax um interlocutor ligado à segurança pública estadual.

O presídio de Dourados, com 2.400 presos, tem capacidade para receber cerca de 700 condenados, disse o entrevistado, que acrescentou: “aqui em MS todos os presídios classificados como de grande porte [Campo

Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Naviraí] acomoda o triplo da capacidade, isso é certeza”.

No dia seguinte, quarta­feira (4), um batalhão de choque da Polícia Militar entrou no presídio de Dourados e apreendeu dezenas de armas brancas, principalmente facas fabricadas pelos próprios presos.

“O Drone não deixou no local um material que os encarcerados têm como fazer dentro do presídio. O que deixou por lá e não foi localizado deve ser algo com potencial de ataque bem maior [armas ou explosivos]”, disse o entrevistado pelo jornal.

A reportagem tentou contato com o secretário estadual de segurança pública, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PSB), mas segundo sua assessoria ele está de férias. Contudo, a demanda sobre a reportagem foi encaminhada à pasta para que o substituto de Barbosinha respondesse as perguntas, o que não aconteceu até o fechamento deste material..

ORGANIZAÇÕES

O PCC e o CV são, segundo o MP­RJ Ministério Público do Rio de Janeiros, as duas maiores organizações criminosas do Brasil.

O PCC, maior, conta com 7,2 integrantes que hoje cumprem penas ou moradores em todos os estados do Brasil, além de presídios situados na Bolívia, Colômbia, Peru, Chile, Venezuela, Argentina, Paraguai e Guiana Francesa.

Cada membro do grupo é obrigado a pagar uma taxa mensal de R$ 750, segundo o MP do RJ, e cumprem deveres estabelecidos em um código de conduta. O PCC movimenta em torno de R$ 240 milhões anuais, dinheiro arrecadado com as taxas e o tráfico de cocaína, segundo o MP.

Já o CV não tem dados precisos, mas atua no Brasil e também em países localizados no entorno do país. O comando também mexe com o tráfico de drogas, como cocaína, maconha e crack, informação do MP carioca.

 

Fonte: Midiamax

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