Foto: Divulgação/PMESP

7 DE SETEMBRO – O DIA QUE NOS LIBERTAMOS…DE QUEM?

PARTE I

No dia 7 de setembro comemoramos o Dia da Independência, mas o que exatamente esta data significa? Libertamo-nos de quem? O que Napoleão Bonaparte, imperador da França, teve a ver com isso?

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Em 1807 Napoleão Bonaparte, em guerra com a Inglaterra, pressionou o príncipe de Portugal D. João VI a tomar partido, a decidir quem iria apoiar, se a Inglaterra ou a França. Incapaz de tomar decisões, D. João VI protelou o quanto pôde a decisão até que, em meados de outubro daquele ano recebeu a notícia: Napoleão iria invadir Portugal!

Em pânico e sem alternativa, decidiu fugir com destino à sua mais nova colônia: Um país tropical desconhecido chamado Brasil que ninguém sabia direito onde ficava. Organizada às pressas, sua saída, em 29 de novembro de 1807, foi um caos. Houve histeria no porto de Lisboa, vários baús com toda a biblioteca real e a prataria foram esquecidos no cais. Muitos foram deixados para trás. 15 mil pessoas embarcaram em 8 naus, 3 fragatas, 3 brigues e duas escunas escoltados por 4 navios de guerra da marinha britânica.

Em 18 de janeiro de 1808, após 50 dias de uma viagem infernal onde ocorreu de tudo, até um surto de piolhos que obrigou as mulheres a rasparem os cabelos, chegaram ao porto de Salvador onde permaneceram até 8 de março quando foram para o Rio de Janeiro.

A corte portuguesa permaneceu no Brasil até 1820 quando, por força de uma revolução, teve que retornar a Portugal. D. João VI deixou no Brasil seu filho D. Pedro I, então com 22 anos, na condição de regente.

Dois anos depois Portugal decidiu retirar todas as prerrogativas dadas ao Brasil e retorná-lo à condição de colônia além de exigir de D. Pedro I seu retorno imediato. Em 9 de janeiro de 1822 ele recusou-se a retornar a Portugal pela primeira vez, data que ficou conhecida como “Dia do Fico”.

Aquele jovem impetuoso, amante da música, dos cavalos e das mulheres, já havia se apaixonado pelo país que o acolhera e recusou-se a cumprir as ordens do pai.

Em 7 de setembro do mesmo ano, quando chegava a São Paulo montado em uma mula (e não em um cavalo branco), vindo de Santos onde visitara Domitila de Castro Canto e Melo, a futura “Marquesa de Santos”, prestes a chegar ao bairro do Brás onde iria pernoitar, foi alcançado por um grupo que lhe entregou duas correspondências, uma carta da Maçonaria e outra de sua esposa, a princesa Maria Leopoldina. As duas correspondências aconselhavam-no a declarar a independência do Brasil.

Às margens do Riacho Ipiranga onde hoje se encontram o Museu do mesmo nome e o mausoléu onde ele próprio e suas duas esposas estão enterradas, ele disse: “Tirem suas braçadeiras, soldados. Viva a independência, à liberdade e à separação do Brasil.” Ele desembainhou sua espada afirmando: “Pelo meu sangue, minha honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a liberdade” e gritou: “Independência ou morte” declarando a independência do Brasil, pondo fim aos 322 anos do domínio colonial exercido por Portugal.

Na mesma noite participou de uma reunião com os membros da Maçonaria paulista que lhe renderam apoio incondicional (Ele havia sido iniciado em 02 de Agosto na Loja “Comércio e Artes do Rio de Janeiro sob o pseudônimo de “Guatimozin”). Um mês depois, em 12 de outubro de 1822, foi aclamado imperador e em 1º de dezembro coroado pelo bispo do Rio de Janeiro, recebendo o título de Dom Pedro I.

Em 1825 se torna o monarca de Portugal após a morte de seu pai, abdicando do trono em favor de sua filha mais velha Maria II. Em 1828 o trono de Maria foi usurpado pelo infante Miguel, seu irmão mais novo. Em 7 de abril de 1831 abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho mais novo D. Pedro II (que tinha apenas 5 anos) e partiu para a Europa onde reconduziu sua filha ao trono. Morreu de tuberculose em 1834 com apenas 36 anos no palácio de Queluz, no mesmo quarto em que nascera.

Português de nascimento e brasileiro de coração amou nosso país e o defendeu dos interesses obscuros de sua própria família, contribuindo de forma inequívoca para nossa soberania. 

Graças ao heroísmo e abnegação desse jovem de 23 anos hoje somos soberanos. D. Pedro I abriu mão de todo o conforto e luxo das cortes europeias para defender o Brasil, mesmo que para isso nunca mais tenha visto seu pai e, ao partir deixando seu filho, também nunca mais o tenha visto.

É por tudo isso que comemoramos o dia 7 de setembro.

André Davi Martins
É Sargento da Polícia Militar, professor de tiro e mediador de conflitos do Cejusc.

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