PMs observam corpo de suspeito morto na Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais.

Vídeos mostram ações da PM com 2 mortos em favelas de SP; Polícia Civil e Corregedoria apuram se agentes executaram suspeitos

Imagens gravadas na quinta (2) nas Zonas Sul e Leste da capital serão analisadas pelas autoridades. PMs alegam que atiraram para se defender de criminosos.

IPIRANGA/SP – Vídeos que circulam nas redes sociais mostram ações da Polícia Militar (PM) que deixaram dois mortos a tiros na quinta-feira (2) em duas favelas de São Paulo: uma no Jardim Savério, região do Ipiranga, na Zona Sul e a outra no Jardim da Conquista, em São Mateus, Zona Leste.

PMs observam corpo de suspeito morto na Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais.

PMs observam corpo de suspeito morto na Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais.

As imagens serão analisadas pela Corregedoria da PM e pela Polícia Civil que vão apurar se os agentes executaram os suspeitos. Os PMs alegam que atiraram para se defender dos criminosos.

1º caso: Zona Sul

Imagens feitas por celular mostram moradores do Jardim Savério, região do Ipiranga, na Zona Sulacusando policiais militares de executarem o suspeito na quinta-feira (2). Ele estaria armado e atirado nos agentes, que revidaram.

O nome e idade do rapaz morto não foram divulgados. Nenhum agente teria sido ferido.

Segundo a assessoria de imprensa da PM, a versão dos policiais militares é de que o suspeito tentou fugir de uma abordagem e foi perseguido até uma rua dentro da comunidade.

Nessa via, a Travessa Ruth Cabral Troncareli, segundo o relato dos agentes, o suspeito se jogou no chão e atirou contra os policiais, que atiraram nele para se defender. No revide, os disparos atingiram o rapaz, que foi socorrido e levado ao Hospital de Heliópolis, onde não resistiu aos ferimentos e morreu.

O caso foi registrado no 83º Distrito Policial (DP), Parque Bristol.

Apesar disso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou por meio de nota que a investigação será feita pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

A Polícia Civil e a Corregedoria da PM irão analisar as imagens e procurar outras câmeras que possam ter gravação a ação dos agentes para saber se eles cometeram excesso ou atiraram em legítima defesa.

“A Polícia Militar esclarece que todas as circunstâncias dos fatos são investigadas por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) e é acompanhado pela Corregedoria. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa realizou perícia no local e atua para esclarecer o caso”, informa nota da SSP.

2º caso: Zona Leste

A Polícia Civil e a Corregedoria da PM também vão apurar o segundo caso envolvendo a ação de policiais que resultou na morte de um suspeito em outra favela.

Vídeos gravados por celulares mostram o momento que policiais militares tentam tirar o suspeito de roubar um carro do veículo na Travessa Padre de Manacá, no Jardim da Conquista, em São Mateus, Zona Leste, na noite de quinta-feira (2).

Nas imagens, é possível ouvir disparos e em seguida o jovem que estava dentro do Ford EcoSport aparece morto. Ele foi identificado como Carlito Lopes Santos, de 18 anos.

“A ação da Zona Leste já está sendo acompanhada pela Corregedoria”, falou nesta sexta-feira (3) ao G1 o porta-voz da PM, tenente-coronel Emerson Massera.

Segundo ele, como é praxe em casos assim, os policiais envolvidos na ação foram afastados preventivamente dos trabalhos nas ruas enquanto durarem as investigações da Polícia Militar.

O caso foi registrado inicialmente no 49º DP, São Mateus, como roubo de veículo, porte ilegal de arma, resistência e morte decorrente de intervenção social. Mas por envolver PMs, a investigação será feita pelo DHHP.

De acordo com a ocorrência, Carlito não quis se render quando foi abordado pelos agentes dentro do carro roubado. O documento informa que ele estava com três armas (uma pistola .40, um revólver calibre 38 e uma pistola 380) e que as para atirar nos PMs, que teriam revidado.

Segundo o registro policial, foram encontrados seis cartuchos “deflagrados” e outros três “picotados” das armas atribuídas ao suspeito.

De acordo com o documento, os tiros dados por ao menos três PMs atingiram a cabeça, costas, peito, ombro esquerdo, coxa esquerda e braço direito de Carlito. O resgate foi chamado para tentar socorrer o suspeito, que não resistiu e morreu no local.

Uma testemunha que filmou a ação policial foi levada para prestar depoimento e fornecer as imagens, que acabaram vazando e circulam em redes sociais.

Rede e Ouvidoria

A Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio entrou em contato com a Ouvidoria da Polícia para comunicar a existência das imagens e pedir providências às autoridades.

“Vamos encaminhar um procedimento para apurar as informações referentes aos casos”, falou o ouvidor Elizeu Soares Lopes, que irá acompanhar as apurações.

A Ouvidoria informou por meio de nota que, além do DHPP e da Corregedoria da PM, vai acionar também o “Ministério Público para que investiguem a sequência de acontecimentos.”

G1

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