Yanne Cezário, ex-aluna da escola estadual Raul Brasil — Foto: Dayane Brandão Pereira/ Arquivo pessoal.

Apesar de trauma, sobrevivente do massacre na Raul Brasil ainda sonha ser professora de crianças: ‘Quero ajudar a serem pessoas fortes’

Yanne Cezário, de 18 anos, estava no pátio na hora do atentado e se escondeu junto com os colegas na sala onde aconteciam as aulas de espanhol. Durante o massacre, ela foi pisoteada.

SUZANO/SP – Casada, com filhos e trabalhando em uma sala de aula. É dessa forma que Yanne Cezário, ex-aluna da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, se vê no futuro. O trauma vivido dentro da unidade, que completa um ano nesta sexta-feira (13), não atrapalhou os sonhos da jovem de 18 anos. Ela quer ser professora de crianças.

Yanne Cezário, ex-aluna da escola estadual Raul Brasil — Foto: Dayane Brandão Pereira/ Arquivo pessoal.

Yanne Cezário, ex-aluna da escola estadual Raul Brasil — Foto: Dayane Brandão Pereira/ Arquivo pessoal.

O ataque à Raul Brasil aconteceu em março de 2019 e deixou 10 mortos e 11 feridos. Yanne estava no pátio na hora do atentado e se escondeu junto com os colegas no Centro de Línguas, onde aconteciam as aulas de espanhol.

Durante a correria ela acabou sendo pisoteada, recebeu atendimento em um hospital particular de Suzano e foi liberada. O nome de Yanne não aparece na lista oficial de feridos.

Voltar para a escola não foi tarefa fácil. A situação melhorou apenas quando a turma foi transferida para o prédio de uma faculdade particular, alugado pelo Estado, para que a Raul Brasil fosse reformada. “Foi bem ruim, mas como mudamos para o prédio da faculdade, lá ficou mais tranquilo e deu para terminar o ano”, conta.

A jovem preferiu não mudar de escola e concluiu o Ensino Médio em dezembro. Agora ela se prepara para entrar na universidade. “Estou feliz por ter terminado, independentemente de tudo o que aconteceu eu consegui focar. Foi nos últimos minutos do segundo tempo, mas consegui! Quero continuar estudando agora, porque a minha vida tem que seguir”.

Planos

Se 2019 foi um ano de superação para Yanne, 2020 deve ser marcado pelas novidades. Aos 18 anos, a jovem está em busca do primeiro emprego. “Eu já entreguei currículo em algumas creches e estou aguardando. Quero trabalhar o mais rápido possível”, diz.

Além do trabalho, a jovem também vai dedicar o ano aos estudos. “Pretendo fazer de novo o Enem, o que aconteceu na escola me atrasou muito e eu não estudei, mas vou estudar em casa mesmo e até lá já quero estar trabalhando e quem sabe pagando alguma faculdade”, conta.

Moradora de Suzano, Yanne pretende fazer o curso na cidade mesmo. A intenção é dar aulas para crianças. “Desde a creche até os 10 anos mais ou menos. Escola pública ou particular, não me importo com isso. Quero mesmo é estar em sala de aula”.

Inspiração

Foi brincando com os primos que Yanne pegou o gosto por ensinar. “Quando eu era pequena ensinava meus primos a ler e escrever e sempre gostava disso. Eu brincava de ser professora e ao mesmo tempo ensinava a eles”.

Além das brincadeiras, duas professoras contribuíram para a escolha pela pedagogia. “A professora Ione, que me deu aula na escola pública, e a tia Ana, na particular. Eu quero ser igual a elas, não só ensinar as crianças, mas marcar a vida delas também. Ajudar a serem pessoas fortes”.

G1

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