Empresário Roberto Santos Oliveira e a Érica Cristina Carpi Oliveira, tesoureira da Prefeitura de Jales, foram presos pela PF (Foto: Reprodução/Facebook)

PF prende cinco suspeitos de desviar R$ 5 milhões da Prefeitura de Jales

Entre os presos estão a secretária de Saúde e uma diretora financeira que trabalha há 13 anos na prefeitura. Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão.

JALES – Cinco pessoas foram presas pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (31) suspeitas de desviar mais de R$ 5 milhões da Prefeitura de Jales (SP). Entre os presos, estão a secretária de Saúde da cidade e a diretora financeira da administração municipal.

A operação Farra do Tesouro, contra o desvio de dinheiro público, cumpriu também 13 mandados de busca e apreensão.

O principal alvo da operação é a ex-tesoureira da prefeitura, e atual diretora financeira, Erica Cristina Carpi Oliveira, de 34 anos. Conforme a PF, ela, o marido Roberto Santos Oliveira, a irmã Simone Carpi Brandt, o cunhado Marlon Brandt e a secretária de Saúde, Maria Aparecida Moreira Martins, foram presos.

Também há mandado de busca e apreensão na casa do secretário da Fazenda municipal, Nivael Brás Renesto, e na Prefeitura de Jales. Ainda segundo a polícia, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Jales, e um em Santa Fé do Sul.

De acordo com a PF, a diretora financeira já havia sido investigada no ano passado pelo Ministério Público. A mulher trabalha há 13 anos na prefeitura e chegou a ser demitida, mas foi recontratada no mesmo dia, mas em outro cargo. A manobra, segundo a polícia, permitiu que ela continuasse trabalhando sem concurso público.

O rápido enriquecimento da diretora financeira chamou a atenção da polícia, que começou as investigações no início deste ano, após receber informações de que ocorreria uma “farra” com verba pública. A PF constatou que a mulher comprou loja de roupas, calçados, chácara e uma casa avaliada em R$ 1 milhão.

Uma das lojas da tesoureira, inclusive, foi lacrada na manhã desta terça-feira por policiais federais.

A Polícia Federal também apreendeu cheques localizados na prefeitura e na residência da tesoureira, assinados em branco pela Secretária da Saúde. Foram encontrados aproximadamente R$ 16 mil em cédulas no quarto da irmã da tesoureira.

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Jales, a tesoureira tem vencimentos de R$ 3,3 mil, enquanto o secretário da Fazenda e a secretária da Saúde têm salários de R$ 7,2 mil. A prefeitura ainda vai emitir uma nota se posicionamento sobre o caso.

Todos os presos foram levados para a Polícia Federal em Jales para prestarem esclarecimentos. Eles serão indiciados por vários crimes, como peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os veículos e materiais apreendidos também foram levados para a delegacia.

Os homens presos serão encaminhados para a cadeia pública de Santa Fé do Sul e as mulheres à cadeia de Nhandeara, onde permanecerão à disposição da Justiça.

Investigação e documentos apreendidos

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Prefeitura de Jales, onde os policiais buscaram documentos relativos aos pagamentos e transferências suspeitas realizadas nos últimos 13 anos.

A diretora financeira, segundo a PF, era responsável por realizar todos os pagamentos da prefeitura. A polícia confirmou que, somente neste ano, em um período de seis meses, ela desviou aproximadamente R$ 1 milhão em benefício próprio ou das empresas do marido.

A tesoureira teria emitido cheques da prefeitura, pagou boletos bancários das empresas do marido e até transferiu valores diretamente das contas da prefeitura, principalmente da saúde, em benefício próprio e da família.

O dinheiro, ainda conforme a PF, era ocultado em bens como móveis, imóveis, além do financiamento de empresas abertas em Jales e Santa Fé do Sul. A PF localizou cheques emitidos da conta da saúde, assinados pela tesoureira e pela secretária da Saúde, tendo como beneficiários lojas de grife, de joias, salões de beleza, lojas de decoração, salões de festas, buffets, arquitetos, clínicas estéticas e móveis planejados.

Alguns cheques foram emitidos para fornecedores, enquanto outros foram preenchidos nominalmente para crédito na conta jurídica do marido da tesoureira.

Desde janeiro deste ano, somente neste tipo de fraude e em uma conta, a PF confirmou aproximadamente R$ 700 mil, sendo metade depositada diretamente na conta do marido da tesoureira.

A pedido da PF, a 5ª Vara da Justiça Estadual de Jales determinou a interdição e lacração das empresas em nome da tesoureira e seu marido, a apreensão dos veículos do casal e dos parentes dela, e também a lacração de um imóvel de luxo, construído e mobiliado na zona rural da cidade entre 2017 e 2018, com investimentos suspeitos de mais de R$ 1,5 milhão.

A medida, segundo a polícia, visa garantir que pelo menos parte dos valores seja revertido em benefício da prefeitura.

A PF também apurou que, em junho deste ano, uma terceira empresa da tesoureira e de seu marido foi inaugurada em Jales. Parte dos fornecedores recebeu como pagamento cheques da prefeitura que foram depositados diretamente nas contas.

Boletos bancários, relativos ao estoque da referida loja, também foram debitados diretamente de contas da prefeitura. A PF também identificou, nos últimos dias, transferências bancárias de 2012 beneficiando a conta jurídica do marido da tesoureira, referente a verba da merenda e transporte escolar.

Após as buscas e coletas de documentos e provas, a PF e o Ministério Público Estadual vão analisar todo o material para tentar mensurar todo o dinheiro desviado e identificar outras pessoas envolvidas no esquema.

As análises também visam identificar como a fiscalização da prefeitura, e de órgãos externos, não constataram os desvios.

G1

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