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Com salário de R$ 3 mil, cabo da PM acumulou patrimônio de R$ 7 milhões

NAVIRAI/MS – Cabo da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Aparecido Cristiano Fialho, de 40 anos de idade, ganha salário que varia de R$ 2,7 mil a R$ 3,6 mil e, ainda assim, empilhou uma esplêndida fortuna, de 2015 para cá, que beira a casa dos R$ 7 milhões. Como? 

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Ele integrava uma milícia privada empregada por organizações criminosas que contrabandeavam cigarros do Paraguai, crime que devia combatê-lo com rigor. 

Cabo Fialho recebia propina da máfia usando farda militar e arma da corporação, em pleno expediente, daí ele ficou rico. Mas deu-se mal: o militar que mora na parte central da cidade Naviraí está preso em Campo Grande.

Histórico acima é trecho do relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço forte do Ministério Público sul-mato-grossense, que derrubou por meio da operação Oiketicus, esquema de corrupção envolvendo ao menos 20 militares com patentes que iam de tenente-coronel a um soldado raso.

Cargas de cigarros contrabandeados cruzavam por barreiras militares, principalmente na região de fronteira do Paraguai e os policiais fingiam nada ver e até escoltava-as.

“As organizações criminosas, detentores de alto poder econômico, cooptam os policiais militares, valendo-se do pagamento de altas quantias a título de propina como ainda que o contrabando de cigarros não encontre a devida reprovação social, sendo considerado, por parte da corporação, um delito despido de maior gravidade”, diz trecho da petição do Gaeco que pedira a prisão dos 20 militares implicados com a trama.

A operação Oiketicus [inseto conhecido como bicho-cigarreiro] foi deflagrada semana passada (16), seis dias atrás. A investida ocorreu em 14 cidades sul-mato-grossenses.

“Mais, muitas vezes, o esquema criminoso é montado para que o policial nem compareça à pista quando da passagem do cigarro contrabandeado, de forma não chega a sequer a ter contato com o produto ilícito, mormente que agentes de patente mais elevada, que atuam movimentando as equipes para longe do material ou mesmo repassando informações sigilosas sobre operações/fiscalizações, incluídas ai escalas de trabalho”, segue o pedido de prisões, o qual o TopMidiaNews teve acesso.

E o Gaeco diz como o crime corria solto: “por tal motivo, já há alguns anos o cigarro contrabandeado circula praticamente sem fiscalização da Polícia Militar pelas rodovias de Mato Grosso do Sul. As apreensões, salvo raras exceções, são pífias, ante a quantidade transportada”.

Logo no início da petição, os investigadores citam o tamanho do patrimônio do cabo Fialho, concursado e pago com dinheiro de impostos para atacar a criminalidade: “alguns dos quais com patrimônios e, consequentemente, padrões de vida totalmente incompatível com o seus vencimentos”.

Diz o Gaeco: “o exemplo mais gritante é do PM Aparecido Cristiano Fialho, cujo patrimônio foi estimado em quase R$ 7 milhões, segundo cálculos de sua autoria”.

A riqueza acumulada pelo militar – imóveis, dinheiro vivo e carros – era descrita pelo próprio em seu e-mail, segundo o Gaeco.

FACILITAÇÃO

De acordo com as investigações do Gaeco, Filho integrava o Núcleo 2 do grupo de PMs que agiam favoráveis à máfia do cigarro. Era missão do cabo em facilitar o contrabando nas regiões de Maracaju, Dourados, Naviraí, Mundo Novo, Iguatemi, Japorã e Eldorado.
Seria parceiros do cabo Fialho, segundo o Gaeco, Nilson Procedônio Espíndola (sargento), Alisson José Carvalho de Almeida (soldado), Clayton de Azevedo (sargento), Marcelo de Souza (soldado), também encarcerados desde a semana passada.

“Os policiais agiam associados, de maneira estável, pelo menos desde 2015, estruturalmente, ordenado e com divisão de tarefas, com o objetivo de obter direta ou indiretamente, vantagens pecuniárias, mediante a prática de corrupção, violação de sigilo funcional, entre outros crimes graves”, segue a denúncia do Gaeco.

O grupo do Ministério Público cita também que “com as investigações foi possível constatar o estreito relacionamento entre os investigados e conhecidos contrabandistas de cigarros com atuação em Mato Grosso do Sul, podendo ser citados Kelvis Fernando Rodrigues, o Cabelo, Alcides Carlos Grejianim, o Polaco, Ângelo Guimarães Ballerini, o Alemão, entre outros”.

O Gaeco narra também na denúncia que os implicados com os contrabandistas tinham vida facilitada na corporação, mesmo com  a prática de delitos.

“No âmbito administrativo, praticamente não se verificam punições, salvo àqueles policiais presos e processados em grandes operações, mesmo assim em número bem inferior ao desejável. Os demais agentes, cujas notícias indicam envolvimento, quando muito, são remanejados para outros pontos de fiscalização, não raro em estradas vicinais ou nos demais corredores de escoamento do Estado”.

G1

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