Carro dos suspeitos ficou com as marcas da troca de tiros (Foto: Maiara Barbosa/G1).

Um ano depois, Polícia Civil não conclui inquérito sobre morte de jovens suspeitos de assalto em Mogi

Assaltantes teriam trocado tiros com Policiais do Deic em Mogi das Cruzes. Quatro foram baleados e três morreram após confronto.

MOGI DAS CRUZES/SP – O Setor de Homicídios da Seccional de Mogi das Cruzes ainda não concluiu o inquérito que apura a morte de três dos quatro jovens entre 17 e 20 anos baleados após um assalto a um posto de combustíveis há exatamente um ano. Segundo a polícia, o grupo assaltou o estabelecimento e trocou tiros com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que estavam no local na hora do crime.

Carro dos suspeitos ficou com as marcas da troca de tiros (Foto: Maiara Barbosa/G1).

Carro dos suspeitos ficou com as marcas da troca de tiros (Foto: Maiara Barbosa/G1).

Na época, o caso foi encaminhado para a corregedoria da Polícia Civil, que investiga se a ação dos policiais foi regular. Mas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), o processo administrativo que tramita no Núcleo Corrededor de Mogi também não foi concluído e os policiais envolvidos na ocorrência permanecem em suas atividades.

A única ação criminal na Justiça sobre o caso refere-se ao jovem baleado sobrevivente, que foi preso por roubo. De acordo com a SSP, ele foi ouvido e está preso no CDP de Mogi das Cruzes. O G1 teve acesso a partes do processo e cinco policiais civis envolvidos na ocorrência aparecem como testemunhas de acusação, além de quatro funcionários de postos da cidade que foram assaltados no município.

A defesa entrou com um pedido de liberdade provisória, que ainda não foi analisado pela Justiça. No texto, em uma de suas considerações, a defesa diz que “não existem elementos suficientemente claros quanto à prova da existência do crime capitulado para a acusação do acusado”. Diz ainda que o indiciado está “com balas alojadas no corpo, e estas estão causando muitas dores e inflamações que o impedem até mesmo de se alimentar, dormir e realizar alguns gestos.”

O caso

De acordo com o delegado do Deic, Alexandre Dias, uma equipe de policiais da divisão de investigação de roubos de carros se reuniu no posto para começar uma operação por volta das 20h45 do dia 9 de março de 2017. Quando os quatro suspeitos chegaram não perceberam que o grupo era de policiais civis, porque eles estavam com viaturas descaracterizadas e roupas normais.

Ainda de acordo com o delegado, os suspeitos abordadaram o frentista e anunciaram o assalto. Segundo Dias, eles chegaram a pegar R$ 300 do posto. O funcionário conseguiu avisar os policiais.

Na delegacia, os policiais contaram que viram dois homens fugindo a pé. Eles relataram que se identificaram e pediram que parassem. Os suspeitos não obedeceram e dispararam contra os policiais, segundo o depoimento. Ao ouvir os disparos, os policiais que estavam na conveniência saíram. Eles pegaram a viatura para buscar os suspeitos.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, na Rua Vereador Sidney da Silva Rocha, os policiais viram os suspeitos entrando em um carro estacionado. A viatura fechou o veículo. Segundo a polícia, os suspeitos atiraram novamente e os policiais revidaram.

De acordo com a polícia, os suspeitos tentaram fugir e bateram em uma caçamba. Eles fizeram uma nova manobra e, segundo o boletim de ocorrência, tentaram atingir com o carro os policiais que estavam a pé. Os jovens entraram então na Rua Gonçalves Ferreira e bateram em um poste no canteiro central, estourando um pneu.

Ao se aproximar do veículo, os policiais viram os quatro suspeitos baleados. Três morreram na hora. Parte deles vivia em condomínio de luxo em Mogi das Cruzes.

Um suspeito foi socorrido e internado em estado grave, de acordo com o delegado. Posteriormente, o sobrevivente foi conduzido ao CDP de Mogi.

Segundo os policiais, havia ainda um segundo carro estacionado na Rua Vereador Sidney da Silva Rocha. Quando a viatura se aproximou, este veículo saiu em fuga. Os policiais não conseguiram identificar quantos suspeitos estavam no carro.

O delegado do Deic informou ainda que antes da ocorrência do posto, o grupo tinha assaltado outro estabelecimento em Mogi, no bairro do Mogilar. Deste estabelecimento, eles levaram R$ 130. Depois foram para outro posto no mesmo bairro, mas ao verem uma viatura da polícia saíram do local.

De acordo com o boletim de ocorrência, a polícia apreendeu seis armas, sendo cinco de policiais, além de um revólver calibre 38 com a numeração raspada e 4 gramas de maconha. O caso foi registrado como roubo, homicídio simples, resistência e ato infracional por roubo e resistência no 2º Distrito Policial.

Na época, além da investigação sobre as mortes em decorrência de intervenção policial, a Corregedoria também abriu um inquérito para apurar a conduta dos policiais envolvidos no caso.

G1

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