Benilson Silva foi morto depois de abordagem de PMs em Cuiabá (Foto: Reprodução/Facebook).

Morte de pedreiro por PMs após abordagem é investigada em Cuiabá

Benilson da Silva, 29, foi abordado na casa de familiares, diz pai.
Corregedoria da PM instaurou inquérito para averiguar ação dos policiais.

CUIABÁ/MT – A Corregedoria da Polícia Militar vai abrir investigação sobre a morte do pedreiro Benilson da Silva, 29, após abordagem policial no bairro Santa Rosa II, em Cuiabá, nesse domingo (19). Segundo os PMs que atenderam a ocorrência, ele levou um tiro na frente da casa de familiares porque resistiu à prisão e tentou tomar a arma de um policial. A família contesta e afirma que a vítima foi executada com dois disparos de arma de fogo. A Polícia Civil também apura o ocorrido.

Benilson Silva foi morto depois de abordagem de PMs em Cuiabá (Foto: Reprodução/Facebook).

Benilson Silva foi morto depois de abordagem de PMs em Cuiabá (Foto: Reprodução/Facebook).

“Eu tenho certeza que meu filho foi executado. Ele não tinha arma, não tinha nada, e levou um tiro à queima-roupa de [espingarda calibre] 12”, disse o pedreiro Benedito da Silva, de 53 anos, pai de Benilson.

A família procurou a PM na segunda-feira (20) para denunciar o caso e apresentou um video como prova de que a vítima foi assassinada deliberadamente por um policial. As imagens sugerem que o disparo foi feito por um policial militar que não estava perto do pedreiro. O vídeo pode ser conferido abaixo, à esquerda.

O boletim de ocorrência registrado pela PM responsabiliza Benilson por resistência, desacato, desobediência, tentativa de assassinato e tráfico de drogas.

Conforme a narrativa do BO registrados pelos policiais, o pedreiro estava com outras quatro pessoas abordadas numa rua no bairro Santa Rosa II e que ele, ao fugir da viatura, jogou dois papelotes de pasta base de cocaína numa residência.

Ainda segundo o BO, a PM foi atrás dele e as pessoas que estavam na casa iniciaram uma confusão e xingaram os policiais. Depois, diz que Benilson, aproveitando-se de seu “porte físico”, deu uma gravata num soldado e que então uma arma disparou, mas sem especificar se foi a do PM que estava em luta corporal. 

“No instante em que o suspeito Benilson da Silva e o SD PM Prestes lutavam pela posse da arma de fogo ocorreu um disparo de arma de fogo vindo a acertar o suspeito na região do tórax, e após isso o suspeito soltou o PM, onde acabou dispersando a todos”, narra o boletim de ocorrência.

Versão da família

Os familiares afirmam que Benilson estava na casa de familiares desde a manhã de domingo, onde estava havendo um almoço beneficente. Um dos irmãos dele, Paulo da Silva, de 33 anos, falou que os policiais disseram que o pedreiro estava com drogas, mas que nem lhe revistaram. Ele confirmou a confusão entre a família e os policiais.

“Houve um tumulto. E apontaram a arma pro meu pai, que empurrou a arma”, contou. “Com a confusão que teve, meu irmão saiu, ficou um pouco para o lado pra rua. Um policial atirou e acertou estilhaço na lateral dele. Depois, meu irmão foi pra calçada e levou mais um tiro”.

O BO feito pelos PMs afirma que Benilson foi socorrido imediatamente para o Pronto-Socorro, mas não diz que ele foi levado por um casal de conhecidos que estava no local. Antes mesmo de chegar à unidade hospitalar, entretanto, esses dois também foram abordados por uma viatura da PM, que furou o pneu do carro deles, e os liberou depois.

Prisões
O casal que levou Benilson para socorro médico acabou preso depois, assim como o pai da vítima. Segundo Benedito, quando os três estavam no camburão, já algemados, os policiais jogaram spray de pimenta neles. Os três são responsabilizados, no boletim de ocorrência, por resistência, desacato, desobediência e tentativa de assassinato. Nenhum deles estava armado, como diz o próprio BO.

“Eu estava na frente do Pronto-Socorro e os policiais chegaram e deram voz de prisão pra mim, sem falar o motivo. Pegaram minha carteira. Fui para dentro do camburão, onde estavam os outros dois presos. E jogaram spray de pimenta na gente, mesmo algemados”, disse Benedito.

Inquérito militar

Por meio de nota, o comandante regional da PM, coronel Edgar Mauricio Monteiro Domingues, disse que vai instaurar um Inquérito Policial Militar para averiguar a ação policial. A Corregedoria da PM recebeu na tarde de segunda-feira (20) a denúncia contestando a ação policial e coletou depoimentos da família de Benilson que serão anexados no inquérito.

 

G1

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