Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu após passar mal em aula prática (Foto: Reprodução/ Facebook).

Bombeira é indiciada por tortura em aula prática após morte de jovem em MT

Tenente era instrutora de aulas práticas do Corpo de Bombeiros. Rodrigo Claro, de 21 anos, passou mal durante aula prática em lagoa.

CUIABÁ/MS – A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur Dechamps, foi indiciada pela polícia pelos crimes de tortura e castigo contra o aluno da corporação, Rodrigo Claro, que morreu no dia 15 de novembro do ano passado, em Cuiabá, após passar mal durante uma aula prática em uma lagoa, de acordo com a Polícia Civil. A aula tinha a suspeita como instrutora. O G1 não localizou a defesa da tenente.

Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu após passar mal em aula prática (Foto: Reprodução/ Facebook).

Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu após passar mal em aula prática (Foto: Reprodução/ Facebook).

O inquérito foi concluído pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), nesta segunda-feira (20), e foi encaminhado à Justiça nesta terça-feira (21).

A tenente deve responder pelo crime previsto no artigo 1º da Lei 9.455/1997, por “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”.

Durante as investigações, a polícia ouviu mais de 50 pessoas entre alunos, instrutores, especialista e médicos foram ouvidos pela autoridade policial.

Conforme a Polícia Civil, o inquérito militar, da Corregedoria do Corpo de Bombeiros, também responsabilizou Izadora por maus-tratos e outros dois tenentes por crime contra o dever funcional por não proporcionarem segurança durante o treinamento. Esse inquérito militar já foi remetido ao Ministério Público Militar.

Também foi aberto um processo administrativo disciplinar contra a tenente. Nesse caso, se considerada culpada, a punição vai desde advertência até a expulsão da corporação, segundo a polícia.

Além da tenente, outras 11 pessoas responsáveis pelo curso foram afastadas do cargo e devem cumprir funções administrativas até a conclusão do inquérito.

O caso

Rodrigo foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML). Durante o treinamento prático, na Lagoa Trevisan, na capital, ele disse à família que tinha medo de participar das atividades por ser perseguido pela tenente que atuava como instrutora de salvamento aquático no curso.

Aproximadamente 30 alunos participavam do curso e eram supervisionados por cinco coordenadores, entre eles a tenente e um coronel. Todos que estavam no local serão ouvidos, segundo a Polícia Civil. A tenente, responsável peals atividades, já foi afastada do cargo que ocupa.

Rodrigo queixou-se de dor de cabeça durante a realização das aulas. O aluno realizava uma travessia a nado na lagoa e quando chegou à margem informou o instrutor que não conseguiria terminar a aula.

Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado e retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde, onde sofreu convulsões.

No dia em que passou mal, Rodrigo enviou mensagens para mãe contando que estava com medo.Nas mensagens enviadas por um aplicativo de telefone, Rodrigo alerta a mãe sobre o que poderia acontecer. “Se você não conseguir, passar mal, sei lá. Até eles te pegarem e verem que você não está de corpo mole”, diz a mensagem.

Horas depois, Rodrigo volta a falar com a mãe e mandou a última mensagem antes de ser internado em coma. “Não consegui. Estou mal. Vou para a coordenação”, diz trecho da mensagem.

G1

Comments are closed.

error: Solicite a matéria por email!