Polícia fez escavações para encontrar ossadas
(Foto: Marcos Ribeiro/TV Morena)

Vítimas de serial killer eram enterradas em cemitério clandestino, diz polícia

Oito ossadas foram encontradas em um mês em bairro da capital de MS. Jardineiro preso confessou 12 mortes e aparenta psicopatia, diz delegado.

CAMPO GRANDE/MS – Oito ossadas encontradas, pelo menos 10 desaparecidos e um assassino em série que confessou 12 homicídios em cinco anos. Esse é o resultado, até o momento, da investigação que busca localizar vítimas de uma rede de exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas, no bairro Danúbio Azul, região norte de Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul.

Polícia fez escavações para encontrar ossadas (Foto: Marcos Ribeiro/TV Morena)

Polícia fez escavações para encontrar ossadas
(Foto: Marcos Ribeiro/TV Morena)

O jardineiro Luiz Alves Martins Filho, 49 anos, conhecido como Nando do Danúbio Azul, está preso desde o dia 10 de novembro. Ele confessou ter enterrado as ossadas encontradas em um terreno baldio usado como cemitério clandestino no Jardim Veraneio.

O local é bem conhecido por Nando e fica ao lado do bairro onde as vítimas sumiram, segundo o delegado Márcio Oshiro Obara, da Delegacia Especializada de Homicídio (DEH).

“Geograficamente, é só atravessar a rodovia. Outro ponto: é um local ermo. Uma espécie de chácara com poucas residências e pouquíssimo trânsito de veículos. E, durante o dia, é um local que ele [Nando] costuma frequentar porque na condição de jardineiro depositava os entulhos nessa região”, afirmou o delegado.

Nando disse à polícia que visitava o cemitério clandestino quase todos os dias. “Paulatinamente ele ia acompanhando a mudança da vegetação daquele local, por isso, tem tanto conhecimento geográfico e consegue se posicionar muito bem ali na região. Ele diz que passava praticamente todo dia por lá. Existe um quê de retorno mórbido, de verificar o local onde assassinou as pessoas”, explicou Obara.

Perfil das vítimas

Segundo o delegado, as vítimas tinham o mesmo perfil: frequentavam o bairro Danúbio Azul, eram usuários de droga, cometiam pequenos furtos ou se prostituíam. A delegacia de homicídios assumiu as investigações no fim de novembro e disse que enquanto houver indicação e suspeita de locais onde as vítimas foram enterradas, os trabalhos vão continuar.

Justiceiro

Para a polícia, Nando é responsável pela morte de 12 pessoas. Em entrevista exclusiva à TV Morena, o jardineiro disse que os crimes em série começaram há 5 anos.

“A primeira [morte] foi quando mataram um primo do meu sobrinho. Aí eu arrastei ele para o meio do mato, chegando lá nós matamos ele no meio do mato”, afirmou. Nando era considerado uma espécie de justiceiro no bairro e disse que escolhia as vítimas que incomodavam os moradores. “Que estavam tirando sossego da gente, roubando as casas da gente, roubando ferramentas minha, do meu sustento. Eu matava de revolta mesmo”, disse.

Parte das vítimas foram enterradas de cabeça para baixo porque, segundo o jardineiro, era mais prático. Durante a entrevista ele demonstrou arrependimento. “Desgracei a vida de muitas mães mesmo sabendo que os filhos estavam roubando, desgracei a minha vida, cadeia é o pior inferno que tem na face da terra”, falou.

Manipulador

Para a polícia, Nando demonstrou ser frio, calculista e manipulador. Segundo o delegado Márcio Obara, o jardineiro aparenta traços de psicopatia, mas sabe da gravidade dos atos cometidos

“Desde o início, entre nós delegados e equipe de investigadores, comentamos a respeito. Embora não tenhamos essa formação profissional aqui, logicamente que a conduta dele foge ao bom senso e demonstra claramente que ele tem perturbações e desvios, mas um outro detalhe que também é ponto comum da investigação é que ele tem perfeita noção do caráter ilícito das condutas, tanto é que manipula as pessoas, ameaça veladamente para que elas não indicassem nada a polícia, inclusive coautores e ele mesmo durante as confissões tem resistência muito grande de indicar os comparsas”, ressaltou o delegado.

Tortura

Testemunhas disseram à polícia que Nando torturava as vítimas antes de matar e enterrar. ‘Dava coronhada, soco na cara, ficava enforcando pessoa até não respirar mais’, disse uma testemunha.

Nando planejava ainda a morte de três comparsas, segundo a delegada Aline Sinott, que participa das investigações. “Porque além de serem usuários de drogas eles sabiam demais”, disse a delegada sobre a suposta queima de arquivo.

Investigações

Segundo a polícia, as investigações começaram há dois meses, e os casos estariam relacionados à exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas, todos na região do bairro Danúbio Azul. A lista de vítimas pode aumentar já que até o momento, das oito ossadas encontradas, duas vítimas não estavam na lista da polícia.

Inicialmente, a polícia trabalhava com a hipótese de uma quadrilha, mas depois concluiu que tratava de duas pessoas na liderança.

G1  

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