Balas traçantes provocaram incêndios em canaviais de Paulicéia, Independência e Guaraçaí

NOVA INDEPENDÊNCIA – Os incêndios ocorridos em canaviais de Paulicéia, Nova Independência e Guaraçaí, depois de uma operação de interceptação de aviões A-29 Super Tucano da FAB – Força Aérea Brasileira, na tarde deste domingo, 03, foram provocados por balas traçantes disparadas como advertência para forçar o piloto de um avião bimotor a pousar em um determinado aeroporto. Vídeos que circulam na internet tem pessoas narrando o disparo feito por esses aviões e logo em seguida um forte barulho (estrondo) e em seguida as chamas nesses canaviais.

Foi assim na região de Paulicéia, Nova Independência (próximo do Km 177 da rodovia Euclides Oliveira Figueiredo, a “rodovia da Integração”) e no bairro Iguatemy, em Guaraçaí.

O barulho dos tiros, os aviões perseguindo um bimotor e as chamas levaram muita gente a supor que a aeronave suspeita havia sido abatida e em seguida caído no solo e dando início aos grandes incêndios. Mas depois do combate às chamas por parte do Corpo de Bombeiros, e a aproximação de homens das forças de seguranças, como as Polícias Militar e Ambiental, nenhuma aeronave ou destroços dela foram localizados.

NOTA DA FAB

Somente a tarde, em uma nota da FAB à imprensa, todas as dúvidas puderam ser esclarecida. O avião suspeito foi interceptado entre os municípios de Jales e Pontalinda, no Estado de São Paulo e havia 500 Kg de pasta base de cocaína, mas nenhum suspeito foi detido até o fechamento desta matéria.

Agora a Polícia Federal deve investigar para tentar chegar à identidade de um ou mais acusados.

Pelas informações levantadas, dois aviões A20 super Tucano fizeram a perseguição aérea ao bimotor suspeito.

AS ETAPAS DA INTERCEPTAÇÃO

Os procedimentos para a interceptação têm início após a FAB identificar, por meio dos radares, a aeronave em possível situação irregular. Para que suspeite da legalidade do avião, a Força Aérea avalia informações como a documentação do veículo e o plano de voo, considerado essencial para que um avião possa trafegar pelo espaço aéreo.

Diante da suspeita de irregularidade, o Comando de Operações Aeroespaciais aciona aeronaves de interceptações. Para cada avião da FAB, há um grupo de militares – denominado esquadrão de defesa aérea – que possui uma equipe composta por piloto, mecânico da aeronave de alerta, mecânico para a operação do armamento e auxiliar. O grupo permanece de prontidão para ser chamado quando o radar identificar um tráfego aéreo desconhecido ou ilícito.

Em caso de localização de um avião suspeito, uma sirene é acionada em solo e o piloto corre em direção à aeronave, que já está preparada para o procedimento. Em poucos minutos, o militar decola. Ele somente é informado sobre os detalhes da missão após deixar o solo. O condutor da aeronave passa a seguir orientações do Centro Integrado de Defesa Aérea.

De acordo com a FAB, a quantidade de aeronaves que participam do procedimento de interceptação varia conforme o tamanho da ação.

A partir do início do procedimento, o piloto passa a cumprir as Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo (MPEA). A primeira fase é de averiguação, para determinar a identidade da aeronave, além de vigiar o seu comportamento. Nesse momento, a aeronave da FAB não deve ser percebida pelo piloto suspeito.

As informações sobre o avião sob investigação são repassadas para a autoridade de defesa aeroespacial. Por meio do sistema informatizado da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o status do avião é analisado: a matrícula deve corresponder ao modelo da aeronave, ao nome de seu proprietário, à validade do certificado de aeronavegabilidade, entre outros dados que constam no sistema da Anac.

Caso permaneçam dúvidas depois da checagem de registro, militares da FAB tentam fazer um interrogatório ao piloto da aeronave suspeita, utilizando a frequência internacional de emergência, de 121.5 ou 243 MHz. O avião de Defesa Aérea emparelha à aeronave suspeita e, por meio de uma placa na janela, mostra a frequência na qual o rádio deve ser colocado, para que possam ter contato. Sinais visuais também podem ser usados.

Caso o piloto sob suspeita não responda a nenhuma das medidas, a FAB inicia uma intervenção e determina que o avião suspeito mude de rota. Posteriormente, ela ordena que o veículo supostamente irregular faça pouso obrigatório. A aterrissagem deve acontecer no local indicado pela Força Aérea. A comunicação entre a aeronave de defesa e o avião suspeito é feita pelo rádio, em todas as frequências disponíveis, e também por meio de sinais visuais.

OS TIROS

Se ainda assim, o piloto da aeronave ignorar os comandos da FAB, serão executados tiros de advertência, “com munições traçantes”. Os disparos são feitos em uma área lateral à aeronave supostamente irregular, de forma visível, porém sem atingir o veículo. O objetivo da medida é fazer com que o condutor da aeronave obedeça à ordem de pouso.

O tiro de advertência também passou a ser permitido no Brasil em 2004. O procedimento foi utilizado pela primeira vez em junho de 2009, quando pilotos da FAB dispararam em ação contra um monomotor que transportava 176 quilos de cocaína, em Rondônia. Logo após os tiros de advertência, o piloto do monomotor pousou. Não foi necessária a utilização do disparo de detenção.

A medida considerada a mais extrema somente é usada quando os procedimentos anteriores não fazem com que o piloto pouse a aeronave. Neste caso, o avião é considerado hostil e passa a estar sujeito à medida de detenção que, conforme a FAB, “consiste na realização de disparo de tiros com a finalidade de provocar danos e impedir o prosseguimento do voo da aeronave transgressora.”

A ação deve acontecer em áreas que não sejam densamente povoadas e que sejam relacionadas com rotas suspeitas de serem usadas para o tráfico de drogas. Todo o procedimento deve ser registrado em gravação de áudio ou vídeo.

O caça de ataque leve A-29 Super Tucano é o responsável pelos tiros de aviso e de detenção. Para o procedimento, ele utiliza duas metralhadoras ponto 50 (12,7 mm).

MUNIÇÃO TRAÇANTE

É um tipo de munição de arma de fogo que contém uma pequena carga pirotécnica em sua base. Quando disparada, a composição pirotécnica é inflamada pela pólvora em chamas e queima muito intensamente, tornando a trajetória do projétil visível a olho nu durante o dia, e muito brilhante durante o disparo noturno. Isso permite ao atirador traçar visualmente a trajetória de voo do projétil e, assim, fazer as correções balísticas necessárias, sem ter que confirmar os impactos do projétil e sem mesmo usar a mira da arma. A munição traçante também pode ser usada como uma ferramenta de marcação para sinalizar a outros atiradores para concentrarem seu fogo em um alvo específico durante a batalha.(com informações de sites especializados)

MIL NOTICIAS/Agência

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