Ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda (esquerda) e Agnelo Queirox, em imagens de arquivo (Foto: GloboNews e TV Globo/Reprodução)

PF prende Agnelo e Arruda por fraudes nas obras do Mané Garrincha

Operação também deteve ex-vice Tadeu Fillppelli e outras sete pessoas. Investigação aponta irregularidades na reforma do Estádio Nacional de Brasília.

BRASÍLIA/DF – A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (23) os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), atual assessor do presidente Michel Temer. Eles são alvos de uma operação que investiga um esquema de corrupção na reforma do estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.

Ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda (esquerda) e Agnelo Queirox, em imagens de arquivo (Foto: GloboNews e TV Globo/Reprodução)

Ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda (esquerda) e Agnelo Queirox, em imagens de arquivo (Foto: GloboNews e TV Globo/Reprodução)

O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ao lado do vice-governador Tadeu Filippelli, em pronunciamento em hotel de Brasília. (Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)

O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), ao lado do vice-governador Tadeu Filippelli, em pronunciamento em hotel de Brasília. (Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)

Foto do estádio Mane Garrincha em Brasilia antes do jogo Brasil x África do Sul (Foto: Felipe Schmidt/GloboEsporte.com)

Foto do estádio Mane Garrincha em Brasilia antes do jogo Brasil x África do Sul (Foto: Felipe Schmidt/GloboEsporte.com)

Às 11h55, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que Filipelli foi exonerado. Ele foi nomeado em 22 de setembro de 2016, ficando portanto exatos 8 meses no cargo.

Também foram levados em prisão temporária, o ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, Francisco Cláudio Monteiro, o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli, o presidente do grupo Via Engenharia Fernando Márcio Queiroz e o suposto operador de Agnelo, Jorge Luiz Salomão.

As investigações apontam que o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) também recebeu dinheiro desviado das obras.

Entenda a operação

A PF suspeita que a reforma do Mané Garrincha foi superfaturada em R$ 900 milhões

2 ex-governadores do DF e 1 ex-vice foram presos, suspeitos de receber propina do esquema

O ex-governador José Roberto Arruda é apontado como quem bolou a fraude à licitação

O ex-governador Agnelo Queiroz atuou “retirando obstáculos” às obras, segundo a Justiça

O ex-vice Tadeu Filippelli, assessor de Temer, é suspeito de receber propina para o PMDB

A Justiça bloqueou R$ 26 milhões dos três

A operação, batizada de Panatenaico, é baseada em delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez sobre um esquema de corrupção na reforma do Mané Garrincha. A PF diz que as obras podem ter sido superfaturadas em cerca de R$ 900 milhões, visto que estavam orçadas em R$ 600 milhões mas custou R$ 1,575 bilhão.

Agnelo, Arruda e Filippelli são alvos de mandados de prisão temporária, que tem duração de cinco dias. Além deles, a PF prendeu Maruska Lima, ex-presidente da Terracap, empresa do governo do Distrito Federal. Há ainda 3 mandados de condução coercitiva (quando alguém é levado a depor) e 15 de busca e apreensão, todos expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF.

Segundo a decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, José Roberto Arruda enquanto governador do DF em 2009 e 2010, foi quem “tramou a fraude licitatória” ao articular a saída de outras construtoras e determinar a vitória do consórcio formado pelas Construtoras AG e Via Engenharia em troca do recebimento de propinas.

De acordo com as investigações, Agnelo teve o papel de “retirar os obstáculos” que ainda houvessem para a construção do estádio e articular com a Terracap para que a estatal do DF fosse a executora da obra, “a qualquer custo”. Segundo os colaboradores, o ex-governador recebeu para esta função “propina milionária” por meio do operador Jorge Luiz Salomão, sobretudo para custear eventos.

No documento, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e de ter pedido propina “diversas vezes” para a empresa Andrade Gutierrez. As investigações apontam há indícios de que o político recebeu propina para seu partido, o PMDB, entre 2013 e 2014, tendo recebido valores ilícitos também da Construtora Via Engenharia em razão do contrato para as obras de reforma do estádio Mané Garrincha.

O Ministério Público Federal informou que Maruska Lima, ex-presidente da Terracap, foi integrante da Comissão de Licitação para as reformas do estádio. Segundo o depoimento de um funcionário do consórcio vencedor, Maruska recebeu valores ilicitos tanto da Via Engenharia como da Andrade Gutierrez. A ex-presidente é acusada de corrupção, fraudes à licitação, associação ou organização criminosa e lavagem de dinheiro.

De acordo com o mesmo depoimento, o Ministério Público Federal informou que Nílson Martorelli, presidente da Novacap na época, recebeu propina durante as emendas que foram feitas no contrato da obra, sendo acusado dos mesmos delitos de Maruska.

Cerca de 80 policiais divididos em 16 equipes participam da operação. O nome é referência ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos.

Outro Lado

O deputado Rogério Rosso disse que ainda não foi informado de que é investigado na operação. “Deve ser um equívoco”, afirmou. O advogado de Arruda, Paulo Emílio, disse que ainda está “tomando pé das circunstâncias”, mas que vai tentar revogar o mandado prisão.

A defesa de Agnelo Queiroz disse que no momento está acompanhando a busca e apreensão. E que só após conhecer o inteiro teor do Inquérito e da cautelar, será possível emitir algum comentário.

A defesa de Tadeu Filippelli informou que está acompanhando a diligência e espera ter o acesso à decisão e às cópias dos autos liberado “para saber quais providências tomar”. Procuradas, as advogadas da ex-presidente da Terracap Maruska Lima, não atenderam.

Em nota, a Terracap informou que absorveu, em seu balanço de 2016, o prejuízo aproximado de R$ 1,3 bilhão e que a ausência do teste de viabilidade econômica já tinha sido apontada por auditoria independente. A empresa afirmou ainda ter encaminhado a documentação relacionada ao teste de recuperabilidade ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, ao Ministério Público do Distrito Federal e à Controladoria-Geral do Distrito Federal e estar colaborando com a Polícia Federal.

 

G1

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