Coleta de água ocorre no meio do baía de Santos, SP, desde 2014 (Foto: Divulgação).

Especialista diz que cocaína no mar em SP pode contaminar as pessoas

Consultor afirma que ser humano é impactado. Autoridade ambiental de São Paulo iniciou avaliação de estudo e prefeitura convocou reunião com órgãos.

SANTOS/SP – A cocaína e as substâncias de remédios encontradas na baía de Santos, no litoral de São Paulo, podem contaminar e prejudicar a saúde das pessoas. A afirmação é do consultor ambiental Élio Lopes, que critica o tratamento de esgoto na cidade. A autoridade ambiental do Estado iniciou, nesta sexta-feira (24), uma investigação sobre o caso.

Coleta de água ocorre no meio do baía de Santos, SP, desde 2014 (Foto: Divulgação).

Coleta de água ocorre no meio do baía de Santos, SP, desde 2014 (Foto: Divulgação).

Pesquisadores da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificaram as substâncias durante coletas para um estudo realizado desde 2014. Acadêmicos já verificaram, também, que elas prejudicam a reprodução e o crescimento de animais marinhos que vivem nessa região.

Em dados comparativos, ainda conforme o coordenador da pesquisa, o professor doutor Camilo Seabra Pereira, a quantidade de cocaína encontrada na água da baía de Santos chega a ser entre 10 e 100 vezes maior que a registrada na baía de São Francisco, nos Estados Unidos. Os dados surpreenderam as autoridades.

“Os peixes acabam se contaminando, não só com cocaína, como com metais pesados, e isso acaba sendo transferido para o ser humano, que é o último elo dessa cadeia alimentar”, afirmou Élio Lopes. O consultor é professor universitário e também já trabalhou em órgãos públicos relacionados ao meio ambiente.

Segundo ele, a causa do problema é o tratamento do esgoto. “O que a Sabesp diz que faz não é considerado um tratamento, é apenas uma estação de pré-condicionamento, onde são feitas as remoções do material em suspensão, que são os resíduos para evitar problemas operacionais, tipo entupimento de bombas”.

Diante da situação, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que iniciou uma avaliação do estudo realizado pelos pesquisadores e que já resultaram em artigos científicos. Em um comunicado, o órgão informou que inicialmente não foram detectados riscos para os banhistas dessa região.

“Embora nas concentrações normalmente encontradas não sejam evidenciados efeitos na saúde humana, existem estudos para avaliar eventuais efeitos crônicos desses produtos, inclusive para a fauna aquática, como peixes, crustáceos e moluscos”, afirmou, por meio de uma nota enviada à imprensa.

A Secretaria de Meio Ambiente de Santos também informou que convocou uma reunião para terça-feira (28) para discutir a questão. “Infelizmente, até áreas remotas como a Antártica já registram a presença dessas substâncias. Trata-se de um desafio mundial que queremos enfrentar”, disse o chefe da Pasta, Marcos Libório.

Por meio de nota, a Sabesp confirmou que fármacos e entorpecentes não são removidos no tratamento de esgoto, conforme dispõe a legislação brasileira. “A cidade de Santos possui padrão europeu de saneamento e está entre as quatro melhores do país no setor, segundo Instituto Trata Brasil”, informou em nota.

G1

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