Polícia Federal no Palácio Laranjeiras — Foto: Reprodução/TV Globo

PF faz buscas contra governador do RJ, Wilson Witzel, em investigação sobre hospitais de campanha

Operação Placebo, autorizada pelo STJ, busca provas em 12 endereços. Witzel negou participar de qualquer esquema. ‘A interferência anunciada pelo presidente da República [na Polícia Federal] está devidamente oficializada’, respondeu.

RIO DE JANEIRO – A Polícia Federal (PF) iniciou na manhã desta terça-feira (26) a Operação Placebo, sobre suspeitas de desvios na Saúde do RJ para ações na pandemia de coronavírus. São 12 mandados de busca e apreensão — um deles no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel (PSC), e outro na casa dele no Grajaú.

Polícia Federal no Palácio Laranjeiras — Foto: Reprodução/TV Globo

Polícia Federal no Palácio Laranjeiras — Foto: Reprodução/TV Globo

Resumo:

  • Witzel e sua mulher, Helena, são alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ;
  • STJ autorizou acesso a celulares dos alvos da operação;
  • Organização social Iabas foi contratada de forma emergencial pelo governo do RJ para construir e administrar sete hospitais de campanha. Contrato no valor de R$ 835 milhões é cercado por irregularidades, segundo investigadores.
  • Governador negou participar de esquemas e ainda atacou Bolsonaro;
  • Outra operação da PF há duas semanas prendeu cinco pessoas  entre elas o empresário Mário Peixoto, que tem contratos de R$ 129 milhões com o governo do RJ;
  • Após essa operação, a Lava Jato no Rio enviou citações a Witzel para a Procuradoria-Geral da República;
  • Crimes investigados: peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. STJ autorizou depoimentos e, portanto, Witzel pode ser ouvido.

Às 8h40, agentes saíram do Palácio Laranjeiras com um malote com documentos. Também foram apreendidos os celulares de Witzel e da esposa.

Equipes da PF também foram mobilizadas para a casa onde Witzel morava antes de ser eleito, no Grajaú, e no escritório de advocacia do governador, que é ex-juiz federal.

Witzel se manifestou às 9h40 e negou participar de qualquer esquema.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, antecipou na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, que a Polícia Federal estava prestes a deflagrar operações contra desvios na área da saúde nos estados.

O presidente Bolsonaro tem criticado Witzel — de quem foi aliado durante a campanha –, a quem chamou de ‘estrume’ em uma reunião ministerial em 22 de abril, por conta das medidas de isolamento para conter o coronavírus.

Perguntado sobre a operação nesta terça, Bolsonaro respondeu: “Parabéns à Polícia Federal. Fiquei sabendo agora pela mídia. Parabéns à Polícia Federal, tá ok?”

Questionado sobre se Zambelli sabia, emendou: “Pergunta para ela.”

A investigação aponta ainda “vínculo bastante estreito e suspeito” entre a primeira-dama e as “empresas de interesse de Mário Peixoto” — o empresário, dono de fornecedoras para governos, foi preso na Operação Favorito, no último dia 14. O empresário nega qualquer ligação irregular.

De acordo com a investigação, Helena Witzel, que possui um escritório de advocacia, tem um contrato de prestação de serviços com a DPAD Serviços Diagnósticos, que é ligada a Peixoto.

Documentos relacionados a pagamentos para a esposa do governador teriam sido encontrados no endereço eletrônico de dois homens apontados como operadores financeiros do empresário preso.

“(…) o escritório de advocacia da Primeira Dama do Estado do Rio de Janeiro H.A.B.W supostamente realizou contratos com empresas investigadas, sem que a investigação, até o momento, encontra-se provas da prestação do respectivo serviço, o que explicita possível exercício profissional voltado à atividade delitiva”, diz um trecho da decisão do STJ que autorizou a Operação Placebo.

As empresas de Peixoto têm contrato com o governo desde a gestão de Sérgio Cabral (MDB) e os mantêm na de Witzel. Segundo o Ministério Público Federal, a manutenção dos acordos se deu por meio do pagamento de propina.

Gabriell Neves e Iabas também são alvo

Outros alvos da ação desta terça são Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde de Witzel preso na Operação Mercadores do Caos, e o Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), organização social (OS) contratada pelo governo do RJ para a construção de sete hospitais de campanha no estado.

Equipes foram para a casa de Gabriell, no Leblon, e nos escritórios da Iabas no Centro do Rio e em São Paulo, onde fica a sede da OS.

A assessoria do Iabas informou por volta das 8h20 que ainda não tem informações e que se posicionará depois.

G1

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