Brenda Lima de Oliveira, de 20 anos, foi morta por policial que atirou da sacada de casa em Poá — Foto: Reprodução.

Polícia indicia PM suspeito de atirar da sacada de casa e matar jovem em Poá por homicídio doloso

Brenda Lima de Oliveira foi morta com um tiro nas costas em 2 de julho de 2018. O disparo foi efetuado por um policial militar de folga, da sacada da casa dele. À polícia, o suspeito disse que atirou porque estava sendo ameaçado após uma operação policial perto da casa dele.

Na semana em que completou um ano da morte da jovem Brenda Lima de Oliveira, de 20anos, assassinada com um tiro nas costas, em Poá, a Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que o inquérito do caso foi finalizado com o indiciamento do policial militar suspeito do crime por homicídio doloso (quando há intenção de matar).

Brenda Lima de Oliveira, de 20 anos, foi morta por policial que atirou da sacada de casa em Poá — Foto: Reprodução.

Brenda Lima de Oliveira, de 20 anos, foi morta por policial que atirou da sacada de casa em Poá — Foto: Reprodução.

Brenda foi morta na noite de 2 de julho de 2018, em Poá, por um policial militar com então 21 anos, que estava de folga e atirou da sacada da casa dele. O disparo atingiu as costas de Brenda, que morreu ainda no local. O namorado dela ficou com uma bala alojada nas costas. Os dois passavam pela rua de moto.

A defesa do policial militar alega que ele estava sofrendo ameaça por conta de uma operação policial que havia sido realizada próximo à casa dele dias antes. (veja nota completa abaixo).

De acordo com a nota enviada pela SSP ao G1, a investigação do caso foi finalizada na sexta-feira (5). “Será encaminhado à Justiça com o indiciamento do policial militar. A Corregedoria da Polícia Militar acompanhou a investigação”, destaca o texto. Além disso, segundo a pasta, a arma utilizada no crime era da PM e o policial tinha autorização para andar com ela.

A PM informou que “o policial militar Johnatas Almeida Lima e Lima, à época dos fatos, tinha a posse da arma de fogo para portá-la em serviço e fora do serviço, sem qualquer restrição. Esclarecemos que o porte de arma de fogo é inerente à função de agente público de segurança.”

Segundo a SSP, atualmente o policial militar está trabalhando normalmente em atividade externa.

A mãe de Brenda, Sueli Maria de Lima, conta que todos os dias entra no quarto de Brenda, que ainda é preservado. Lá, ela diz viver uma dualidade: diminui um pouco da saudade que sente da filha, mas também se entristece ao lembrar que a jovem foi morta por uma pessoa que deveria defendê-la.

“A morte da minha filha transformou a minha vida. Logo depois, eu não tinha condição psicológica de ir trabalhar. A firma parou de aceitar os meus atestados e o meu laudo de depressão não me afastou do trabalho, por isso eu tive que sair do emprego. Já passou um ano desde que ela foi morta e isso me causa uma revolta muito grande, por saber que o policial está solto”, ressalta Sueli.

Além do diagnóstico médico de depressão, Sueli conta que ficou por muito tempo sem sair sozinha de casa, porque sentia muito medo. Ela chegou a procurar a Corregedoria das polícias Civil e Militar, na companhia de um representante do Conselho Estadual do Direito da Pessoa Humana (Condepe), para denunciar que sofria intimidação dos policiais amigos do suspeito do crime.

“As intimidações pararam. Eu estou indo bastante ao psicólogo. Por enquanto o psiquiatra achou melhor eu não tomar remédio. Nada vai trazer a minha filha de volta, mas eu vou lutar por justiça”, ressalta.

O advogado Fabio Cavalhaes foi contratado pela família para atuar no caso. Segundo ele, a demora na finalização do inquérito policial do caso se deu porque a Polícia Militar “não estava colaborando com a investigação”.

“Quando um policial militar é intimado, ele não recebe o documento em casa, e sim na corporação onde está trabalhando. Por diversas vezes, a Polícia Civil questionou a Militar sobre as informações de onde o PM foi transferido, mas não respondem”, afirma o advogado.

Ainda segundo o advogado de defesa, o suspeito chegou a enviar um advogado na delegacia para marcar a oitiva dele, mas no dia agendado, o suspeito não compareceu. “Já faz um ano que a menina faleceu. O correto era ele ter sido preso em flagrante, porque não houve dúvida da conduta dele na época do crime”, destacou o advogado.

O G1 questionou a SSP e a Polícia Militar sobre a situação relatada pelo advogado de defesa, mas não recebeu resposta.

Imagens

Na época do crime, o Diário TV mostrou as imagens das câmeras de monitoramento que mostram o movimento em torno da casa do policial militar. O registro, é possível ver uma pessoa jogando uma bomba na casa do policial militar.

O registro foi por volta das 22h, e dá para ver pelo circuito interno uma pessoa com capuz, aparentemente uma mulher, jogando um objeto, que pode ser uma bomba caseira, na casa do policial.

Horas depois, da sacada do imóvel, o policial, de 21 anos, atirou contra um casal que passava pela rua em uma moto. Em seguida, o policial militar pediu que populares chamassem socorro e a polícia.

Na delegacia, ele disse que estava sendo ameaçado desde que uma operação prendeu suspeitos em um condomínio perto de sua casa. O PM disse que um casal estava rodeando a casa e chegou a ficar sentado num banco, em frente ao imóvel. O policial ainda relatou ter ouvido no mesmo dia gritos de “vai morrer policial cagueta”.

A imagem condiz com a alegação do policial que disse ter recebido ameaças duas horas antes de os jovens passarem na frente de sua casa.

Defesa de Policial

Em nota, a defesa do policial informou que aguarda uma nova requisição da autoridade policial para esclarecimentos finais do caso, pois até o presente momento o investigado vem cooperando com a apuração do caso.

“Em relação aos fatos, a narrativa do Militar permanece intacta já que vinha sofrendo constantes ameaças na data dos fatos e nos dias anteriores ao ocorrido. Fatos que o inquérito Civil e militar já constataram, mas por ser uma questão de mérito devemos aguardar o relatório final da Autoridade Policial. Sem prejuízo, o sigilo de sua identidade, face às ameaças que vinha sofrendo e agora se acentuarem, inclusive em desfavor de sua família que foi obrigada a abandonar a casa onde moravam”, destacou o texto enviado ao G1 pelo advogado do policial.

G1

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